Mais um ponto de vista

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Yago:

Eu ainda não me conformo em como a Camilla consegue ficar com aquele babaca do Bernardo. O cara aparece do nada na vida dela, aí numa noite qualquer chega com uma flor e no dia seguinte estão namorando, enquanto eu que sempre estive ali insinuando algo não levei mais que algumas patadas dela. O pior é que eu estava curtindo a Nat, mas do nada ela sumiu também. Meu irmão diz que eu perdi o jeito com as mulheres, to começando a acreditar.

Depois do sequestro, eu achei que a Cami ia abrir os olhos sobre o namoradinho dela. O cara foi até preso! Tudo bem que acabou saindo da cadeia, mas é só uma questão de tempo até a polícia conseguir provas suficientes para botar o Bernardo de volta atrás das grades onde é o lugar dele e do pai.

Como eu tinha algumas coisas para buscar na emissora do pai da Camilla pensei em convidá-la para almoçar comigo. Eu tentei alertar ela sobre o Bernardo, mas o Jonas me interrompeu. Talvez não fosse mesmo a hora, ainda era muito recente e ela devia estar sofrendo por aquele otário, só que o sequestrador dela garantia que o mandante era o Costolli, meu pai era advogado do cara e ia usar essa informação para diminuir a pena do Soares. O problema é que nesse meio tempo eles voltaram a sair, pelo menos foi o que me pareceu ao ver os dois juntos na emissora.

Como é possível que ela não enxergue que o Bernardo é um criminoso tanto quanto o pai dele, é como dizem: o fruto não cai longe do pé. Por dois anos meu pai tentou defender o Osvaldo e não achou nada que pudesse inocentá-lo, aí do nada aparece esse tal de doutor Paschoal e liberta o cara e logo em seguida o filho dele. Para mim isso cheira a esquema. Uma hora a verdade vem à tona e não vai demorar muito. Agora eu faço questão de ajudar o meu pai a reunir tudo o que puder contra o Bernardo e a família dele e desmascarar esses bandidos.

Decido não trabalhar no período da tarde, meus projetos estavam bem adiantados então apenas deixo o material que recolhi na minha sala e aviso meu chefe que vou para casa. Aproveito para passar em casa, almoçar e tirar um cochilo, depois vou para o escritório do meu pai ver como eu posso ajudar apesar de saber que Yuri está no caso. Meu irmão mais velho é o primogênito perfeito, é a cara do meu pai, se formou em direito e será o sucessor do dr. Fernandes na advocacia, enquanto eu sou apenas Yago Fernandes o designer gráfico. Quem sabe dessa vez eu consiga provar meu valor a eles.

Dirijo até o prédio comercial, passo pela portaria sem falar com ninguém já que todos sabem quem eu sou. Chamo o elevador e vou até o último andar, caminho pelo hall com chão de mármore escuro, paredes brancas e poltronas de couro preto, ao chegar no balcão pergunto para a secretária loira se meu pai está.

– O dr. Tadeu está em reunião com o dr. Yuri – ela responde educadamente.

– Tudo bem, eu vou entrar. A reunião deve ser exatamente sobre o assunto que vim falar.

Nem deixo ela responder e já entro corredor a dentro em direção a sala do meu irmão, ouço vozes exasperadas e ao invés de entrar paro para escutar o que eles estão dizendo. Meu pai parece nervoso a julgar pelo seu tom de voz quase gritando.

– ... você não pode perder o controle disso, Yuri. Tem muita coisa em jogo. Se esse cara der com a língua nos dentes a gente tá na merda.

– E o que você sugere? – Ouço meu irmão perguntar no mesmo tom – A gente vai apagar ele? É isso?

– Se precisar então que seja!

Eles estavam falando em matar alguém?

Continuei parado em frente a porta e meu pai voltou a falar, dessa vez um pouco mais contido, mas ainda perfeitamente audível de onde eu estava.

Um Lugar para Nós DoisWhere stories live. Discover now