Capítulo 4°

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Três anos atrás


Não sabia que as palavras "você é boazinha de mais", pudessem me atrapalhar até hoje. Existem palavras que tem o impacto de causar coisas terríveis na gente. Essa simples frase causou uma certa revolva dentro de mim, que não consigo explicar.

Estava tentando me manter focada naquela tarde, mas tem aqueles dias que você se sente mais melancólica que o normal, bom 70% dos meus dias eram assim. Me sentia culpada e mais inferior naquela manhã, tudo havia começado com Erik, que havia por fim descoberto o rapaz que era afim, que por ironia do destino era seu "chegado" no serviço.

Eu como uma garota, tonta que a menos não sabe esconder os sentimentos, tive uma pequena crise que gosto de chamar de "o cérebro virou gelatina" o que mais me irritava nessas situações era não saber como agir. Sabe eu cresci sendo uma garota que muitos chamam de bobalhona, particularmente chamo isso de lerdeza. Isso me faz me lembrar do fundamental em que as meninas e os meninos tiravam sarro da minha cara por ser assim, enfim de toda forma, isso me incomodava, mas é uma característica que tinha desde de criança e por mais que tentasse mudar acabo sempre voltando a estaca zero.

— Não fala que sou eu! — Digo a Erik que agora mandava um áudio ao amigo, dizendo que tinha uma garota afim dele.

Fechei as mãos em um punho em forma de preocupação, meu estômago gelava de medo naquela hora, um aperto preencheu o meu peito, e em minha cabeça aquele mesmo filme passava agora. Aquela mesma ansiedade presente por tantos anos que corria por minhas veias e meus pensamentos. E agora fazia o meu estômago embrulhar, largando o hot dog em cima da mesa, Erik me encarou com uma expressão séria.

— Eita mano! — Erik disse, com um pouco de empolgação na voz — Ele respondeu, tá perguntando quem é! — Ele diz com um sorriso travesso nós lábios, diria que nesse momento Erik deve estar tramando algo em sua cabeça.

— E melhor dizer quem é logo para acabar com isso — Vanessa diz, bebericando a sua bebida.

E por alguma razão me sentir mais pequena ainda naquela situação, porque falar que sou eu? Juliana costumava sempre me dizer que o não a gente já tem, porque não tentar?

Aquilo me fazia pensar, se já tenho o não, porque querer tentar algo é ouvir o não? Já que sabia de sua possível resposta. Aquele aperto estava novamente em meu peito, tentei manter minha respiração equilibrada. O boazinha voltou a paira em minha cabeça como um eco incontrolável. "Boazinha de mais".

Ed, ou melhor, Edmundo como era seu nome, não gostava de garotas do tipo como eu, quer dizer não tinha corpo, não era do tipo de menina que gostava de dança ou que fazia coisas sem pensar, que tinha esse charme, bom não sei explicar bem ao certo, mas seria o tipo de meninas que não seriam tão fechadas, caladas, tímidas como eu.

— Não fala! — Digo por fim, as palavras sai como aliviou
— E melhor, ele não saber. O que poderia mudar? Nada!

— Você quem sabe, ele tá perguntando se conhece a pessoa. — Erik diz, em seguida completando a frase enquanto digita freneticamente no celular. — Preste atenção nos olhares.

Ele diz por fim. Não vou negar que aquilo me deu certa expectativa, mas devo dizer que estava errada, estava errada, eu pensei. Como poderia chamar a atenção do garoto? Para alguém como eu que mal sabia conversar com um. Sempre foi assim, desde o fundamental tudo que sabia falar era sobre os livro que li no final de semana, ou o filme de romance que assistir, tímida de mais para aceitar até mesmo um simples elogio.

O que havia de errado comigo? Não sabia flerta, não sabia dialogar sem gagueja com um garoto, não sabia ao menos fazer charme para conquistar alguém. O boazinha de mais ainda estava lá estampando em negrito em meu cérebro. O Jesus, porque sou assim? Fechei os olhos com força, tentando não criar esperanças para aquilo. Conforme as  semanas passaram e o pessoal do setor tentava me juntar com Ed, de alguma forma Vanessa também trocava olhares com o rapaz, bem quando Ed descobriu que era eu a garota que estava afim dele, sua atitude em relação a mim mudou completamente, o menino passou a me ignora e quando chegava um local onde o mesmo estava ele saia afim de evitar falar comigo. 

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