Capítulo 11°

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Os olhos de Thomas pareciam agora tão mais escuros, havia algo que não conseguia decifrar na forma que ele me olhava, me sentia confortável na presença dele, por mais que tenha passado por situações constrangedoras, me sentia bem. 

O silêncio parecia nós abraçar novamente, confesso que ainda estava tentando decifra-lo, ele parecia uma peça de quebra cabeça, diferente das demais pessoas que conheci na vida.

 Quando se passa tudo que passei e costumeiro desconfiar do gesto de bondade das pessoas, ainda mais sendo essas "pessoas" rapazes, esta é a pior classe de pessoa, o pior e quando ajudam por pena, é bem parecia o caso do rapaz em minha frente.  Já tive gente de mais com pena na minha vida. Mas, Thomas estaria com pena de mim? Não queria que ele sentisse pena de mim

— Desculpe! — Ele disse,  em seguida respirou fundo, uma expressão triste e confusa surgiu em seus olhos.

— Não precisa se desculpar. — Digo baixinho. Forçando um sorriso um pouco sem graça — Obrigada, Thomas. 

O espaço entre nos parecia tão sufocante e como se o  clima estivesse pesado, mas ele parece querer aliviar a tensão entre nós dois. Não sei realmente o que falar encarando ele agora.
Diante disso tudo ainda me sinto ridícula na frente dele, Thomas havia visto um lado meu que poucos conhecem, o lado em que tento sempre esconder das pessoas, minhas inseguranças estavam postas a mesa, ele havia visto parte da minha alma, um pequeno lado em que não mostro para quase ninguém. 

— Vejo você amanhã? — Ele pergunta quebrando aquele silêncio assustador entre nós. 

Balanço a cabeça em concordância, forçando um sorriso. 

— Boa noite, Cecilia. — Ele diz.

— Boa noite, Thomas! — Proferi baixinho.

Com um sorriso nos despedimos ali.

(***)

Existem certas coisas na vida que nos fazem tomar alguma atitude, é diferente de tudo que houve o que estava pensando em fazer mudaria totalmente a imagem que as pessoas tem de mim. A verdade era que estava cansada da minha essência, o que as pessoas diziam o que me definia me tornava uma pessoa única de nada me valia. Minha essência... Parecia que constantemente tinha um peso em meus ombros, um fardo pesado. A Cecília boazinha, com o coração bom. Porque ser definida assim me deixava tão triste? A garota ingênua de mais ou boazinha de mais para se namorar. Eles dizem você tem um coração bom, isso é raro hoje em dia.

Desde o ensino médio desejava ser vista, queria ser bonita que os outros não vissem em mim uma garota bobinha, eles tiveram suas vidas tão independentes e auto confiantes, que parecia que eu era a única que crescia em uma bolha. Tinha medo das pessoas, ainda tenho. Elas sempre apontaram o dedo julgando minha essência, julgando como reajo em uma situação ou como sou tímida em certos assuntos. Não quero mais ser essa Cecília. Quero ser aquela garota empoderada, que anda com o nariz em pé, que tem a resposta na ponta da língua a garota que não leva desaforo para casa. Não quero ser a Cecília retraída que não teve aventuras a menina que quando ouve falar de sexo fica vermelha como pimentão. Eu quero apagar essa Cecília é ser uma pessoa nova, uma menina que não se magoa com facilidade, alguém que não se quebraria facilmente. Estou cansada da minha essência, cansada de mim mesmo. Quero ser a garota que não fica tímida para conversar com rapazes, que sabe puxar um assunto legal, uma pessoa mais desinibida.

O que gostaria agora era de uma borracha afim de pudesse apagar quem sou e rescrever a personalizada de alguém diferente. Talvez assim esse sufoco em meu peito parasse.

O que são rótulos afinal? Isso não deveria definir quem somos, não deveria me definir, mas eu quero mudar os rótulos, quero mudar quem sou. Quero mudar a minha essência, eu odeio a minha essência.

O Som Das EstrelasWhere stories live. Discover now