Capítulo 8°

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Girando a chave na porta de meu dormitório respirei fundo antes de abrir a porta, tentei me controlar um pouquinho para não chorar diante das minhas amigas, o que me fez lembrar de algo no passado ou melhor dizendo uma desculpa frequente que uso quando não quero expor meus sentimentos ou até mesmo lidar com eles, já que não queria que as pessoas me vissem como coitadinha, já que muitas delas quando contava dos meus problemas por mais bobos que pareciam diante deles reviravam os olhos ou viravam a cara para o outro lado.

Comecei a usar o pretexto da dor de cabeça ou estou tão cansada para esconder a minha tristeza, uma mentira para que não contar a verdade. A verdade é que era mais simples fingir um mal estar físico do que dizer meu problema emocional, simples, o desgaste era o mesmo, então porque não usa sempre como pretexto.

Talvez isso tudo seja porque queria fugir, esquecer do problema, por fim com minha cabeça já em meu travesseiro tentava dizer ao meu coração que tudo ficaria bem, a dor passaria, a verdade e que ela não passava permanecia ali latejando acumulando a tantas outras dores que aos poucos pareceia virar uma bola de neve, crescendo descontroladamente.

— Você demorou! — Liliana diz preocupada. — Mas como foi com o Charles me conta tudo! — A menina diz entusiasmada.

Não chora... Não chora... Repetia várias e várias vezes em minha cabeça, só resta alguns segundos, apenas diga que está com dor de cabeça. Minha alma parecia dilacerada, minha cabeça parecia gelatina naquele momento e tudo que queria era o conforto da minha cama, mergulhar em um sono profundo. Não chore Cecília. Diga apenas que estava cansada e vá dormir.

- Lili meu bem, eu to morrendo de dor de cabeça, amanhã nos falamos. - Forço um sorriso tentando soar o mais convivente possível e caminho até a minha cama deitando sobre ela, abraçada ao meu travesseiro fecho os olhos tentando não pensar na praia e nas palavras de Charles.

Boazinha de mais ele disse, meu coração estava despedaçado. Porque alguém seria tão mal assim? A ponto de brincar com o coração de alguém em benefício próprio? Deus que mal eu fiz? Não merecia ser feliz?

O que era a felicidade afinal? Com os olhos fechados as lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto molhando o lençol da cama, Porque as pessoas eram cruéis assim? Respirando fundo fecho os olhos lembrando da conversa com o garoto na lanchonete, como se não bastasse chorar na frente de um desconhecido contei a ele todas as minhas frustrações e asneiras.

Dei uns tapas com a palma da mão na minha testa. "Burra" "burra", "já não tem problema suficiente". Mas o que faria diferença já que não veria o menino nunca mais, Ótimo! Estava ótimo!  Aliviada por um lado de ter falado tudo para um desconhecido que nunca mais veria.

Deixei que meu corpo fosse abraçado pelo cansaço, mas o sono parecia ser espantado pelas lembranças do dia, o tempo passa naquela noite, mas por mais que tentasse não conseguia dormir.

Fechando os olhos e respirando fundo lutei para que o sono pudesse vencer a guerra que havia em minha mente e que pudesse descansar pelo menos. Após algumas horas enfim parece que o sono venceu a guerra e adormeço mergulhando no profundo de minha mente.

(***)

Meu corpo doi, sinto que levei uma surra na noite passada, jogando a coberta por cima da cabeça, resmungo. Minha cabeça dói, meu coração está em pedaços, meu corpo doía pelo cansaço, não havia conseguido dormir nada na noite passada, acordei pelo menos cinco vezes lembrando do ocorrido, as palavras causavam um peso angustiante em meu coração, deixando aquele frio na minha barriga e a sensação gelada em meu coração. Tinha medo do que pudesse acontece no dia seguinte como o dia seria e como seria o peso de enfrentar a amargura daquelas lembranças.

O Som Das EstrelasWhere stories live. Discover now