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Glenda Madison

Desliguei o celular com as mãos ainda trêmula e a face úmida de lágrimas. Peguei a caixa de lenços de papel e assoei o nariz. Droga! Eu não conseguia parar de chorar, era só o que fazia nos últimos dias, chorar minhas mágoas. Atribuo isso aos hormônios da gravidez, só pode. Mas a notícia que acabei de receber de fato me fez intensificar aquela tristeza. E isso não me parecia nenhum milagre quando fui informada que de fato ele é o pai do meu bebê.

Passei a mão sobre a barriga, a morada da minha criança tão desejada e que agora terei que dividir com um pai. Fechei os olhos com força, que ironia do destino, não queria um pai, não desejava um homem na minha vida e agora serei obrigada a casar e até ter uma relação íntima com ele. E essa parte é que me deixava mais apavorada. Só de imaginar tudo que sofri, a angústia e a humilhação, não aguentarei passar por isso tudo novamente.

Por isso eu precisava contar-lhe, mas como? Era tão constrangedor para mim que a única pessoa que sabia era minha irmã, nem para o antigo namorado contei, já que o peguei trepando com a vizinha. Ele não merecia saber. Contudo, embora essa minha condição não me impede de fazer sexo, claro, tomado todo o cuidado possível, a experiência foi tão devastadora e traumática para mim que decidi nunca mais me relacionar com homens, eu sou incompatível com eles.

Mas agora me vejo em uma situação complicada. Estou grávida de um mafioso e ele não exige somente o filho, mas também uma esposa no sentido amplo da palavra. E pior de tudo que nem apoio da Lívia tenho, ela está toda animada com o casamento. Minha irmã é incrível, sempre nos demos bem e ela me apoia em tudo. Porém, tem uma ideia de família tradicional, pai, mãe e filhos. Talvez devido a nossa criação, mamãe e papai eram exemplo de casal, tanto eu como ela fomos criadas em um lar saudável e nossos pais, que não estão mais entre nós, dedicaram suas vidas em prol da gente. Eu também tinha o mesmo pensamento dela, até a vida me mostrar que nem tudo era perfeito. Mas o desejo de ser mãe nunca me abandonou, por isso hoje estou nessa situação.

Livia acha que devo aceitar de bom grado a chegada de um pai inesperado para meu filho, mesmo que seja um mafioso. Mas não aceitarei, tenho que encontrar uma maneira de me livrar desse homem. Mas como? Por mais que penso não encontro uma saída.

Meu estômago embrulhou de novo, os enjoos haviam melhorando nesses últimos dias e já não vomitava tanto, porém pelo menos vomitar durante metade do dia me dava um pouco de ação. Nem mesmo o fato de estar me sentido melhor e menos enjoada me consolava.

Para me distrair, peguei um livro e comecei ler, mas depois de algumas páginas baixei-o, não conseguia me concentrar. Então decidi sair um pouco, precisava fazer algumas compras de supermercado mesmo.

Após tomar um banho e melhorar a aparência de morta viva, deixei o apartamento. Na calçada, olhei discretamente para os carros dos seguranças. Ignorei-os e entrei no meu próprio carro. Respirei aliviada por não ter sido impedida. Comecei a dirigir. Olhei para o espelho retrovisor, eles estavam na minha cola. Nesse momento meu celular tocou, atendi com o comando de voz.

— Alô!
— Por que atendeu o celular?
— Porque você ligou.
— Está dirigindo e isso é perigoso.
— Estou usando o Bluetooth.

Não sei porque estou dando satisfação para ele.

— Não deveria estar dirigindo, meus homens estão a sua disposição para levá-la aonde precisar.
— Para uma fulga também?
— É isso que você está fazendo?
— Talvez...
— Para onde está indo, Glenda?
— Tenho certeza que seus cães de guarda lhe passarão o relatório de cada lugar que irei.
— Eu quero ouvir da sua boca.
— Não te devo satisfação.
— Toma cuidado, Glenda, é fácil ser corajosa quando está longe.
— Está me ameaçando?
— Não faço ameaças, Glenda, faço promessa e a cumpro.

Grávida do Mafioso Onde as histórias ganham vida. Descobre agora