Capitulo 35: Protagonista

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Lalisa POV

O sangue pulsava em meus ouvidos como uma melodia. Era forte, intenso, doloroso e agonizante. Os olhos pareciam estar girando por trás das órbitas enquanto meu corpo suado e em êxtase se contorcia no chão.

Escutei uns gritos finos também, mas não eram meus e sim do garoto à minha frente. Se eu não estivesse com todos os ossos quebrados, teria achado graça em Tristan gritando como uma garotinha do fundamental.

Preciso ficar no controle, não posso avançar.

- Que merda! - O garoto estava desesperado - O que tá rolando? Que porra é essa!?

Podia escutar sua voz, mas minha visão escurecida me impedia de vê-lo.

Minha pele agora se estica juntamente com os músculos dos braços e pernas. Um rosnado selvagem ficava preso em minha garganta, querendo sair e causar destruição por onde ressoasse.

O som de seu corpo se arrastando pelo chão pode ser ouvido por mim. Talvez Tristan tenha caído pelo susto e agora tentava se erguer, mas provavelmente seu joelho não estava colaborando com a fuga.

- Fique longe de mim!

Os gritos dele conseguiam ser mais altos que os meus.

- Não se aproxime, aberração!

Aquilo era bom, com ele gritando daquele jeito era mais cômico. Seus gritos me lembravam que eu precisava do controle se quisesse mostrar a verdade. Talvez isso me ajudasse.

Não sei dizer ao certo quanto tempo passou até que o silêncio voltasse entre nós dois. Provavelmente Tristan havia ficado sem voz ou desmaiado e por isso a paz silenciosa reinava. Minha respiração estava pesada e grave contra a terra, o corpo estava quente e formigando. A visão foi entrando em foco, o clarão da tarde quase queimou minhas pupilas.

Que porra havia acontecido?

Não tinha dado certo?

Balancei a cabeça, tentando fazer minhas pupilas pararem de se contrair. Me sentia  pesada e perdida. Consegui me erguer sem nenhuma dificuldade apesar de não reconhecer os movimentos que fazia. 

O cheiro verde da mata estava forte e os ruídos da floresta pareciam mais nítidos e precisos. Mesmo não olhando, eu sabia exatamente o que estava à nossa volta. Um pássaro na árvore à esquerda, uma cigarra presa em um dos arbustos, um coelho passava tranquilamente a alguns quilômetros distantes, por fim um humano bem em frente, eu podia sentir todos eles e sabia exatamente o que estavam fazendo apenas pelo cheiro. O fedor humano era particularmente horrível.

Finalmente aconteceu, depois de meses aconteceu!

Me espreguicei, arrastando as patas no chão, numa tentativa de relaxar os músculos que ainda formigavam. Minhas garras saíram para fora quando fiz isso. Escutei um grito estrangulado vindo do humano, acho que minhas presas o assustavam.

Finalmente o olhei. Tristan estava paralisado, uma mão tampava a boca e a outra estava estendida para se proteger, suas pernas tremiam como varas verdes pelo medo. As lágrimas escorriam pelos cantos dos olhos.

Me sentei no chão. Era estranho e tudo muito desengonçado. A última vez que tive o total controle foi quando Jennie estava em perigo, agora não era uma situação de urgência e mesmo assim eu consegui. 

Eu consegui!

Isso é um bom sinal. Por um momento me permiti ficar feliz.

Talvez agora eu pudesse chegar ao mesmo nível que os outros.

The Alpha Beast | JENLISA(ABO/G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora