Capítulo 50

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— O que? — Micael começou a rir, sem entender.

— É isso mesmo que você ouviu! Que história é essa?

— A história é: Não vamos fazer o parto normal, você não pode. — Disse sério.

— Por que não?

— Porque não! — Estava ficando bravo. — Eu preciso te lembrar? Mesmo?

— Eu já coloquei um filho no mundo, posso muito bem ter outro.

— Ah, claro! — Debochou. — Seu filho pode nascer com insuficiência e você ainda quer força-lo a sair naturalmente?

— Meu filho? — Estava o irritando.

— Meu filho também! E é por isso que eu, como dono disso tudo e responsável por você, coloquei um ponto final nessa história. — Cruzou os braços, ganhando o jogo. — Sua cesária já está marcada.

— Quero ver quem vai me obrigar.

— A medicina vai te obrigar. — Chegou próximo à mim, medindo a minha temperatura. — Não adianta você ficar brava.

— Eu tenho toda a razão de ficar brava. Você não acha?

— Sophia, não tem como! Cacete! — Irritou-se, esbravecendo em minha frente. — Você não entende que o bebê é de risco? Você não entende que não tem como ele nascer naturalmente, e se nascer, nascerá morto? — Sua expressão era caótica.

Micael estava cansado e sem paciência para tudo.

— Desculpe mas eu não vou fazer isso. Eu já acho apelo demais. — Fiquei em silêncio, chorando.

— Apelo? — Ficou indignado ao escutar. — Um corte de doze centímetros é apelo?

— Micael, sai daqui!

— Eu não vou sair. — Me encarou. — As vezes você parece criança.

— Eu não quero escutar a sua voz no momento, eu preciso processar tudo o que está acontecendo! — Respirei fundo, eu não podia me estressar.

Ordens médicas do meu querido marido.

— Tudo bem. — Assentiu, cansado. — Eu tenho outra cirurgia daqui à vinte minutos, deveria estar me preparando mas estou aqui com você. — Colocou as mãos na cintura. — Descanse, sua mente deve estar um turbilhão de pensamentos. — Foi irônico ao dizer, saindo do quarto.

Revirei os olhos quando Micael passou pela porta, me deixando sozinha.

O mesmo caminhou até o centro cirúrgico, encontrou alguns residentes e médicos passando pelo corredor, em direção à saída.

— Borges! — Aubrey lhe chamou, estava vestido com o avental verde.

— Já está pronto? — Caminharam até o lavabo, Micael retirou sua aliança, colocando no suporte.

Lavou as mãos com um sabão especializado.

— Eu estou. — Pausou. — Mas você, parece que não.

— Ela me irrita as vezes. — Estendeu as mãos, secando em um lugar apropriado. Colocou as luvas de látex.

— Ela quem?

— Sophia. — Ainda estava irritado após soltar o meu nome.

Entraram na sala, Micael cumprimentou os colegas de trabalho, começando a cirurgia.

— O que ela fez agora? — Aubrey conversava com o mesmo, tentando lhe acalmar da raiva. Não era fácil!

— Ela quer que o bebê nasça naturalmente. Acredita? — Riu sarcástica, negando com a cabeça. — O bebê, que pode morrer a qualquer momento, vai nascer de parto normal. ATA! — Sorriu falso por debaixo da máscara. — Bisturi. — Pediu.

— Micael... Ela está atordoada com isso, você sabe. — O amigo continuou. — Deixa ela pensar que vai ter um parto normal, por desencargo.

— Você não conhece a Sophia. — Encarou Aubrey, rapidamente. — Quando ela cisma de algo, ela faz aquilo acontecer. — Rasgou a pele do paciente, vendo o interior de seu corpo.

— As vezes ela pode mudar de ideia. — Aubrey contornou, recebendo mais um olhar de Micael.

— Qual foi, Aubrey? Está acobertando a Sophia?

— Acobertando de que? Pelo amor de Deus, Micael! — Riu leve.

Ficaram em silêncio. O clima não era tão agradável assim.

— Você deveria ir pra casa, descansar, dormir em uma cama de verdade. — Opinou. — Sophia terá ótimos cuidados aqui.

Ótimos cuidados! O olhar de Micael, se por acaso, tivesse um laser potente, Aubrey viraria carvão em segundos. Não sabia as ideias do amigo mas sabia que, não me deixaria sozinha. Em hipótese alguma!

Mas também, estava precisando de uma cama verdadeira. A maca, ainda sim por ser de última geração, não era a mesma coisa que uma cama com colchões caros e que relaxariam suas costas. O hospital não era a sua casa! E desde que chegamos de viagem, Micael nunca colocou os pés lá.

É... Ele realmente precisava do conforto de casa. Mas não podia me deixar sozinha.

Nem que ligasse ao seu pior inimigo.


— Então você mudou de ideia? — Lua cruzou os braços, batendo os pés na recepção do hospital. Tinha uma bolsa nos ombros, fazendo charme à Micael que estava sem paciência.

Mas tinha que pegar leve.

— Eu estou pedindo educadamente, Lua. — Sorriu falso. — Sophia não pode ficar sozinha, a pessoa que eu mais confio, no momento, é você!

— Só isso?

— Você queria mais o que? — Levantou os ombros.

— Pensei que rolaria algumas flores na recepção, um café especial, quem sabe até um chá da tarde na sua sala. — Optou, mostrando os lábios enquanto pensava. — Pelo visto você não mudou nada!

— Você vai ficar ou não?

— Eu fico! — Apertou a alça da bolsa. — Mas...

— Mas... Boca fechada, entendeu? — Encarou Lua em tom de ameaça. — Se você colocar abobrinha na cabeça da Sophia, eu mato você. — Cerrou os dentes.

— Eu sei por onde ando, Borges. Fique tranquilo! — Sorriu falsa após passar pelo o mesmo.

Micael acompanhou Lua até o quarto onde eu estava ficando, os dois entraram no elevador e em minutos estavam por lá. Fiquei assistindo TV, passando o meu tempo, resolvendo minha briga interna sem presenciar a face de Micael, em minha frente.

E falando no próprio...

— Lua chegou. — Micael avisou. — Ela vai ficar com você.

— Cansou de mim? — Debochei. — Ou vai visitar a outra?

— Pensei que as loucuras viriam depois do terceiro mês de casamento. — Rebateu em deboche.

Lua ficou em silêncio, observando tudo e guardando o riso.

— Você chama isso de loucura? Porquê eu não. — Remexi meus ombros. — Se você fez comigo, imagine o que pode fazer com outra pessoa.

— Eu não vou discutir com você, Sophia. — Semicerrou os olhos. — Eu estou cansado, o dia foi cheio, minha cabeça está doendo! — Queixou-se. — Hoje, especialmente hoje, eu queria uma colher de chá. Eu preciso muito descansar!

Preferi o silêncio, o encarando e desviando o meu olhar à Lua, que chegou mais perto, sorrindo. Suspirei, me concentrando na mesma que havia chegado com várias notícias de fora.

Minha cabeça espaireceu melhor, depois de sua chegada.

Young and the Restless: A Vingança de Rayana - 3ª Temporada Where stories live. Discover now