Capítulo 8

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Ofereci-me para ajudar a mãe de Daniel na cozinha. Louise e Julia conversavam, animadamente, alguma coisa sobre Paris, na sala de estar, enquanto isso.

Parecia fazer uma eternidade desde que estive ali, naquela cozinha, pela última vez, devido à tantos acontecimentos e encontros depois disso. Eu estava lavando mini tomates, quando Dulce me contou sobre o marido — pai de seus filhos — que havia falecido quando Dani e Carlos ainda eram bem pequenos, e Julia, um bebê.

— Fazia tanto tempo que eu não via mi hijo alegre como antes... sabe... ele nunca parava em casa... ou estava viajando ou trabalhando com meu irmão, Jose, na oficina... no quería recordar a su hermano...

Poxa... — Eu não sabia o que dizer, porque nunca tinha precisado ser condescendente na vida. Era a primeira vez que eu me sentia tocada, genuinamente, pela história de vida de alguém.

Daniel havia perdido dois entes queridos, e eu reclamando de ter uma vida luxuosa e com um monte de gente para atender aos meus caprichos idiotas!

— Eu não sei se devia dizer isso, mas... ele gosta muito de você. — Sorriu e me olhou de um jeito meigo que fez meu coração doer. — Ele está mais próximo da gente, e gosta muito de falar o seu nome. "A Tina me emprestou esses livros, e eu não consigo tirar os olhos"... "a Tina e eu vamos para a praia, eu tô bonito?"... "a Tina falou que a senhora é muito incrível"... — Olhou-me nos olhos e sua feição mudou. — Ei, por que... por que está chorando, hija?

— Não... não estou... eu não... eu... só achei bonito isso que a senhora disse. — Enxuguei meus olhos com as costas das mãos.

— É que eu queria expressar o quanto nós te amamos, por você ser essa niña tão alegre e hermosa, que...

Valentina Cortês. — Daniel apareceu na soleira da porta, com as mãos nos bolsos de sua calça preta. Ele estava bem bonito com os cabelos penteados para trás com gel, a barba por fazer, uma camisa social azul-escura, ressaltando seus olhos negros, que me encaravam de um jeito estranho. Não era o mesmo olhar meigo da última vez que nos vimos, quando ele disse as três palavras que abraçaram meu coração.

Imaginei que ele estivesse magoado pelo fato de eu não ter mais que dois dias para partir, de volta para casa, o que poderia significar o nosso fim trágico. Pensando bem, a sua reação até seria apropriada, mas... espera um pouco... eu já tinha mencionado o meu sobrenome?

— Daniel Fernandez... — Assenti com a cabeça, assumindo que aquilo devia ser uma de suas brincadeiras peculiares. Era melhor que fosse.

— A senhorita está muito bela hoje. — Ele fez uma reverência. Uma reverência cheia de pompa.

Mas Daniel vivia me chamando de lady, não?! Devia ser apenas essa nossa piada interna...

Mas Daniel vivia me chamando de lady, não?! Devia ser apenas essa nossa piada interna

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