4.

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"I'm perfectly fine, I live on my own
I made up my mind, I'm better off being alone..."

**

Eu passo pela porta da frente, chutando ela para fechar atrás de mim e nunca estive mais feliz em chegar.

Graças a Deus acabou.

Eu continuo tentando tirar aquele maldito sorriso da minha cabeça, mas é como se ele tivesse impregnado no meu cérebro e fica me provocando a cada cinco minutos com uma lembrança dele.

Erick nem se incomodou em tentar me convencer a ficar quando viu como eu estava desesperada para ir, ele sabia que eu tinha bebido demais e cheguei ao meu limite.

Ele é sempre muito compreensivo comigo, mesmo que às vezes ele aja como se eu fosse quebrar a qualquer segundo, e eu odeio aqueles momentos em que ele me olha assim - como se eu estivesse instável e preste a cair no fundo do poço.

Ele pode não estar errado as vezes, mas isso não muda o fato de que odeio me sentir fraca.

Talvez esse seja o motivo de que só ele sabe das minhas crises de ansiedade e problemas pessoais que tenho tido nos últimos tempos, não quero que ninguém tenha pena de mim, e nem me trate como se eu precisasse de cuidados.

Eu paro quando chego no meio da sala de estar e olho para o corpo caído inconsciente no sofá, fazendo meus ombros murcharem enquanto eu suspiro.

"Poxa mãe, de novo não." Eu pressiono meus lábios em uma linha reta enquanto caminho em direção do sofá, olhando para ela dormindo sentada apenas com uma camiseta, calcinha e roupão, curvada com as mãos apoiadas nas palmas ao lado dela e boca aberta, com cabeça pendurada para frente.

Paro na frente dela e olho ao lado dela, vendo a caixa do medicamento aberta no assento ao lado dela, depois as várias garrafas de cerveja no chão; o cigarro queimado ainda preso entre o indicador e o dedo médio.

Ela parece um cão farejador, não importa onde eu esconda isso, ela sempre encontra.

Eu bufo, me inclinando para frente e sacudindo seus ombros com força. "Mãe!" Eu digo em voz alta. "Mãe!" Ela não responde, então eu aperto com mais força até que ela solta um gemido incoerente e eu grito. "Acorda!"

Ela levanta as sobrancelhas, tentando abrir os olhos, mas muito bêbada para conseguir fazer isso.

"Puta merda." Eu bufo, ficando de pé e me inclinando para pegar a caixa de remédios do sofá e o cigarro de sua mão, em seguida, pegando as garrafas de cerveja.

De onde ela tirou a cerveja dessa vez? Eu nem tenho bebida em casa - bom, eu não tinha até um ano e meio atrás, quando ela se mudou pra cá.

'Se mudar' não é o termo certo, ela apenas apareceu na minha casa e me disse que ia ficar morando comigo por um tempo até achar algo pra ela, e como sou filha dela, eu seria obrigada a cuidar dela por um tempo.

Então, aqui estamos nós.

Eu sei que a maioria das pessoas ficariam assustados ou nervosos ao voltar para casa a visão da sua mãe parecendo estar morta no sofá, mas tenho visto a mesma coisa desde que me conheço por gente, é normal para mim.

MOTIVOS | L7NNON | Where stories live. Discover now