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Graças ao sorrisinho, hoje passei o resto do meu turno atormentada com possibilidades passando pela minha cabeça.


Ele fez isso de propósito? Ele me disse para descobrir por que ele foi lá, só pra eu ficar pensando nele?

Mas isso não faz sentido, por que ele se importaria se eu pensasse nele?

Estou neste círculo mental idiota há horas enquanto assisto a reprises de modern family; tentei acalmar meu cérebro, mas não funcionou. 

Isso é algo que eu poderia escrever no meu diário também.

"#338 – Preciso descobrir porque ele se importa. Preciso descobrir porque eu me importo."

São 19 horas e isso significa que oficialmente passei seis horas seguidas sem nada além disso em minha mente.

Acho que estou mais frustrada do que qualquer outra coisa, por não saber exatamente o que ele está fazendo.

Eu tenho minhas paredes construídas tão altas que é quase como se eu não pudesse nem olhar por cima para ter um vislumbre do outro lado e ver uma perspectiva diferente sobre o que ele pode querer.

É como se eu estivesse cega por minhas próprias inseguranças.

Ele tem que querer alguma coisa.

Me recuso a acreditar que ele simplesmente me acha legal, ou me acha interessante, ou quer me conhecer.

Isso é impossível.

Cresci sempre sendo usada para alguma coisa, eu não tinha valor, a menos que fosse útil – e isso só piorou quando comecei a namorar, nunca fui importante, só descartável.

Meu telefone tocando me tira do meu looping mental, e eu olho para ele no meu colo para ver o número da minha irmã aceso na tela.

Eu suspiro, jogando minha cabeça para trás contra o sofá e aperto meus olhos fechados.

Eu realmente não quero atender... mas sei que preciso, porque sempre tem uma chance de algo ter acontecido com minha mãe, e não posso ignorar isso.

De alguma forma, seria minha culpa, mesmo se eu não estivesse lá.

Eu olho para o meu telefone com olhos cansados, pegando e passando pela tela para atender antes de levar até meu ouvido.

"Alô?" Eu fico impassível, olhando direto para a TV. 

"Oi, tudo bem?" Renata suspira, parando por um momento antes de falar novamente e eu posso ouvir o tom sarcástico em sua voz. "Bom, olha, eu preciso falar com você sobre uma coisa, é sobre a mamãe"

"Mmmmm?" Eu cantarolo, ainda me concentrando na TV.

"Ela me contou que você escondeu os remédios dela e saiu, e ela acabou desmaiada no sofá e você só deixou ela lá sozinha. Como você tem coragem Catarina?" Renata me repreende pelo telefone.

Meu rosto cai, como se eu tivesse ouvido errado. "Oi?"

"Estou enojada com as coisas que ela me disse. Você já pensou em alguém além de você? Ela me contou que você gasta todo o dinheiro dela e ela nunca tem comida, que você sai por dias e deixa ela sozinha. Ela é nossa mãe, como você consegue fazer isso?" Ela continua com seu tom de voz superior e sínico. "Até seu gato você mantém longe dela, ela me contou que você prefere deixar o gato na casa do Erick porque não confia nela perto dele, você é doida?"

Eu corro minha língua ao longo da parte interna da minha bochecha e sinto a raiva borbulhando dentro do meu peito. "Ah então é tudo minha culpa, como sempre?"

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