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"You should beware, beware, beware of a woman with a broken heart..."

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Trabalhar em um bar às vezes é legal, mas na maioria das vezes é uma chatice. Tem noites que são mais fáceis, mas tem noites que são extremamente complicadas.

Meu trabalho geralmente me deixa com uma sensação de esgotamento mental depois de lidar com clientes e estampar um sorriso forçado, com uma atitude alegre e agradável a noite toda.

Aqui em Gramado tem muitos turistas que vem visitar principalmente o centro da Cidade, então o horário que eu trabalho (das 14h às 22h) é muito lotado, de pessoas de todos os estilos e lugares que você pode pensar.

Não posso reclamar, tenho a sorte da minha chefe ser a melhor pessoa comigo desde sempre - quando eu digo sempre, é SEMPRE mesmo, já que além de ser minha chefe ela é uma amiga de infância da minha mãe.

Marina e minha mãe não são mais amigas faz anos, elas passaram a ter vidas e rotinas muito diferentes, mas mesmo assim Marina sempre teve um carinho enorme por mim, como se eu fosse filha dela.

É óbvio que esse não é o trabalho que eu quero pra minha vida, mas quando eu tranquei minha faculdade cinco meses atrás eu não pude mais continuar no meu estágio, e ela nem pensou duas vezes antes de querer me contratar.

Suponho que as coisas seriam mais fáceis pra mim se eu não estivesse cuidando das finanças da minha mãe em cima das minhas, ou se ela não tivesse me colocado em uma dívida de R$15.000 sem nem um único grama de remorso ou gratidão, e continua tentando me sugar financeiramente de qualquer maneira que pode - mas como eu disse antes, ela é minha mãe, não posso deixar ela na mão.

Para ser justa, pelo menos é só dela que estou cuidando hoje em dia, passei três anos amando e cuidando de um homem - que também era uma criança adulta - que tratava meu coração como um saco de pancadas antes de colocar dentro de um liquidificador.

As coisas poderiam estar piores.

Estacionei meu carro na frente da casa do Erick e caminho até o portão, olhando para a casa de dois andares e me perguntando como seria morar em um lugar tão bom.

Gosto do meu apartamento, é pequeno mas é aconchegante e do jeitinho que eu sempre sonhei em decorar - mesmo minha mãe atrapalhando tudo, eu gosto de morar lá.

Subo a lateral da casa em direção ao portão de pedestres, e assim como ele tem a chave da minha casa, tenho a chave da casa dele também.

Entro rapidamente, precisando de alguns abraços do meu gordinho peludo e escutar aquele ronrono pra acalmar minha dor de cabeça.

Eu gostaria que fosse uma dor de cabeça normal, mas a sensação que eu tenho é que tem um monstro berrando dentro da minha cabeça enquanto ele arranha meu crânio.

Essa é a sensação.

Alguns dias são piores do que outros, mas o estresse de hoje desencadeou a dor de cabeça que raramente me deixa dormir - vai ser mais uma noite longa.

Erick e Victor geralmente já estão dormindo quando eu pego o Chico tão tarde, então eles colocam ele sempre pra dormir lá na sala até eu chegar.

Chico tem sua própria cama lá, e tenho certeza que uma hora dessas ele já está no seu quinto sono.

Esse gato só come e dorme.

E me julga.

Eu subo alguns degraus em direção da porta da frente, e acho que sempre que eu chego aqui esse horário eu devo parecer um zombie. Eu estou exausta, meus olhos estão queimando e meu corpo está pesado.

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