8.

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⚠️ alerta gatilho: violência. ⚠️
não é no capítulo todo!

***

"You're payin'? Is the amount cleanin' you out? Am I satisfactory?
Today, I'm thinkin' about the things that are deadly
The way I'm drinkin' you down
Like I wanna drown, like I wanna end me..."

***

"Socorro! Catarina!"

A voz alta da mamãe grita do seu quarto e eu pulo do chão, chutando meu copo de giz de cera enquanto corro em direção à porta do meu quarto.

Eu estava ouvindo os gritos na última hora, o jeito que eles gritavam um com o outro, mas isso é normal. Só que ela só me chama quando isso está acontecendo, quando tenho que ajudar.

Eu corro o mais rápido que meus pés conseguem, sentindo meu coração bater contra o meu peito enquanto corro para fora da porta do quarto.

Eu tenho que cuidar deles.

Tenho que fazer alguma coisa.

Este é o meu trabalho.

Meus pés batem contra o tapete enquanto o pânico começa a tomar conta de mim.

Eu estou assustada de novo.

O corredor parece ter quilômetros de comprimento, e sinto meu corpo tremer enquanto ouço eles gritem mais alto um com o outro.

Por que eles não se gostam?

Quando finalmente chego no quarto deles, abro a porta pesada com toda a força que posso, correndo para dentro do quarto ficando tonta quando vejo eles agarrando os braços um do outro com força, como se estivessem lutando.

"Parem, por favor!" Eu grito o mais alto que consigo, torcendo pra eles me escutarem.

Eles nunca me escutam.

Minhas pernas parecem congeladas no chão, mas me esforço para correr na direção do papai e subo nas suas costas, tentando fazer ele me ouvir.

Eu sou o única pessoa que pode parar ele agora.

"Pai! Para!" Eu grito de novo, implorando para ele me ouvir.

"Por favor, pai, você está deixando a mamãe triste!" Eu imploro de novo, tentando o máximo que posso pra fazer ele me ouvir.

Mas eu sou muito pequena. Sempre sou muito pequena. Eu queria ser maior. Eu queria ser mais forte.

O pânico na minha barriga cresce quando ela aponta no rosto dele - soltando todos os palavrões possíveis.

Ela não parece assustada, ela só parece brava, ela está com muito ódio.

Nunca entendo porque ela não está com medo, eu estou sempre com medo.

Eu grito o mais alto que consigo até queimar minha garganta, fechando meus olhos com força e é tudo o que posso fazer, eu grito como se estivesse sendo assassinada - eu só quero que eles me escutem.

Papai congela, como se tivesse sido acordado da raiva que sentia, soltando o braço da mamãe enquanto ela engasgava entre o choro e se jogava no chão.

Eu suspiro, fechando meus olhos de alívio quando finalmente ele me escuta, e me jogo no chão também.

"Catarina - Merda!" Papai fala suspirando, se virando rapidamente e se abaixando pra me ajudar a me levantar. "Princesa, levanta, vamos - está tudo bem!" Ele fala preocupado, olhando para mim com as sobrancelhas franzidas de preocupação.

MOTIVOS | L7NNON | Where stories live. Discover now