10.

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Eu consegui escapar do Lennon acelerando meus passos o mais rápido possível.

Acho irritante o quão seguro de si mesmo ele é, eu não conseguiria agir assim nunca na minha vida – aquele sorriso maldito e o jeito que ele ficou entretido com o fato de que eu deixei claro que não ia sair com ele fez eu querer arrancar meus cabelos.

Talvez eu esteja tão irritada porque me irrita o fato de que eu quero ser indiferente com ele, mas desde eu conheci quele idiota sorridente eu pensei nele mais vezes do que eu deveria.

Estou percebendo que a persistência que o Erick tem nele é definitivamente algo que vem de família.

Perdi muito tempo pensando sobre isso, mas matou o tempo de espera na área de recepção que eu estou já faz vinte minutos.

Às vezes me pergunto sobre as outras pessoas sentadas na sala de espera do consultório do psicólogo, fico curiosa pra saber o motivo deles estarem aqui.

Não é de uma forma intrometida, só curiosidade.

Sou observadora demais para o meu próprio bem, muitas vezes gostaria de poder andar por aí alegremente ignorante e não pensar demais sobre tudo e todos. É exaustivo estar sempre hiper consciente o tempo todo, sempre atenta sobre como as pessoas ao meu redor estão, se estão felizes, tristes, encomodados, se estou fazendo algo errado...

Acho que essa é outra razão pela qual gosto de gatos, na maior parte eles são simples de lidar.

Acho que eu penso demais.

Quando finalmente cheguei no consultório, me sentei no mesmo sofá branco que me sento por uma hora uma vez por mês já faz três anos, olhando para aqueles olhos castanhos atrás do óculos de armação bege.

"Como você está hoje, Cat?" Erica pergunta, inclinando a cabeça com um sorriso amigável.

"Não tentei enfiar a cabeça no forno e ligar, então acho que estou bem." Digo com um sorriso meigo e um tom divertido.

Erica ri, completamente acostumada com o meu senso de humor – que confesso que as vezes passa dos limites quando estou aqui. Acho que meu cérebro buga e eu saio falando qualquer coisa para descontrair.

"Então, julgando pelo seu humor e pelo que você acabou de dizer, as coisas não estão tão boas esse mês."

Essa mulher me lê igual um livro.

"Como vão as coisas com a sua mãe?"

Eu encolho meus ombros. "Iguais. Nada muda."

"Você já pensou mais sobre o que falamos na sua última consulta?" Ela pergunta, mantendo seu comportamento calmo e amigável. 

"Sobre ela ser uma sociopata? Sim, eu pesquisei. Fez muito sentido." Eu digo sem demonstrar nenhuma emoção quanto a isso.

"Como você se sente sobre isso? Agora que você sabe que isso tem a ver com ela?" Ela pergunta.

"Eu não sei. Eu não sinto nada sobre isso. Só explica muita coisa." Eu descarto, sem realmente sentir vontade de entrar em emoções que não consigo lidar e sentindo como se meu cérebro queimasse quando entro nesses assuntos.

Erica me lança um olhar incrédulo. "Catarina, você e eu sabemos que você sente tudo, você é simplesmente fantástica em esconder isso. É por isso que ter a mãe que você tem foi tão traumático para você, entre outras coisas que você passou. Agora tente, por mim, me fala o sentimento que tá aí dentro."

Eu suspiro, relaxando meus ombros. "Provavelmente alívio"

"Alívio? Por que essa sensação?" Ela pergunta, mantendo sua atenção focada em mim.

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