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É quinta-feira e estou de volta ao trabalho.


Minha paciência hoje é quase tão forte quanto minha vontade de viver, quase inexistente.

Minha mãe chega em casa no domingo e estou com medo, não ouvi falar dela até agora, o que é um bônus, mas tenho certeza que ela está se divertindo muito fazendo eu parecer a pior pessoa do mundo, enquanto ela é uma cachorrinha inocente para minha irmã.

É apenas uma parte do que ela faz.

Eu sempre sou a pior pessoa, a menos que eu esteja fazendo exatamente o que ela quer ou dando a ela exatamente o que ela quer.

Se não estou fazendo isso, é porque eu sou um monstro.

Ela sempre é a vítima, sempre foi, sempre vai ser.

Mesmo que seja ela quem está fazendo as coisas horríveis. 

Falando em pessoas que eu não tinha ouvido falar, Lennon parece ter entendido a dica e me deixado em paz.

Não consigo entender por que não estou tão feliz com isso.

Depois que ele saiu da minha casa na terça de manhã e eu passei a noite com o Erick; eu não ouvi um pio dele. Ele não apareceu aleatoriamente na minha porta, e eu nem vi ele hoje quando passei na casa do Erick para sairmos tomar café da manhã juntos

Por que isso fez meu estômago embrulhar? Por que deu aquela pontada de desapontamento?

Eu consegui o que eu queria, então por que isso está fazendo eu me sentir uma merda? 

As últimas coisas escritas no meu diário têm girado em torno da mesma coisa desde sábado, joguei lá todas as perguntas e pensamentos que tive desde que vi ele pela primeira vez.

Por que diabos estou sempre me pegando pensando nele? É irritante.

"Terra chamando Catarina!" Dedos estalando na frente do meu rosto me empurram para fora da minha mente.

Pisco para Marina, que está parada na minha frente com uma expressão divertida.

Marina cruza seus braços, sorrindo com a cabeça inclinada para o lado. "Fico feliz em ter você de volta minha linda" Ela sorri, suas bochechas puxando para cima para fazer seus olhos castanhos brilharem. "Saiu bastante? Se divertiu? Beijou muito na boca?" 

Eu lanço a ela um olhar neutro, sabendo que ela está zoando de mim. "Sim, fiz tudo isso e mais um pouco!"

Marina dá um largo sorriso. "Que bom, finalmente está aprendendo comigo!"

Eu sorrio pra ela e ando alguns passos até a porta da cozinha, espiando para olhar para a mesa e ter rapidamente uma figura que eu conheço sentado em uma das mesas.

Ele está com uma camiseta preta que eu já percebi que é o clássico pra ele, e pelo visto, ele cortou o cabelo – já que ele está de boné e não tem nenhum cachinho saindo pra fora.

E porque eu me importo com isso?

Eu olho para trás, para Igor, que é um dos atendentes e está encostado no balcão com seu celular nas mãos. "Você não pode ir atender ele? Por favor..."

Ele levanta uma sobrancelha para mim, mas parece intrigado com a minha reação. "Porque?"

Marina está parada perto da gente, e também está curiosa com o motivo de eu não querer ir até a mesa dele.

"Porque... eu conheço ele" Eu gemo, jogando minha cabeça para trás. 

Marina me lança um olhar desconfiado, como se ela não visse nada demais nisso. "Ele fez algo para te chatear?" Ela pergunta, parecendo menos brincalhona e mais cuidadosa. Recebo aquele mesmo olhar protetor que sempre vejo nela.

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