Recomeçar

Capítulo 02

Na segunda feira, conforme combinado com Dona Judite lhe esperei no ponto de ônibus para que ela me ensinasse o caminho.

As 5:00h da manhã eu já estava lá.
Estava usando um vestido tubinho preto, emprestado, pela sobrinha de Dona Judite, os sapatos também eram dela, o pé da moça era um número a mais que o meu, tive que por papel para de ajusta-lo ao meu pé, espero que aguente pelo tempo necessário.

Segundo dona Judite irei utilizar fardamento semelhantes aos dela, vestidos e terninhos, hoje mesmo poderei pegar no almoxarifado, caso seja contratada, todas secretárias devem usar o mesmo fardamento, oque iria me diferenciar das demais secretárias seria um boton de metal com meu nome e meu cargo.

O caminho de onde moro até o escritório dura em média 00:50 minutos de ônibus, até o momento estava indo tudo bem, repito, estava.
Ao avistar o prédio de 10 andares meu coração disparou assim que vi os elevadores.

Droga! Droga! Calma, respira, você consegue.

— Algum problema minha filha? Você está pálida!
— Não, Dona Judite! Estou bem. — Menti, eu não poderia dizer que tinha pavor de me sentir presa, tão pouco em um espaço minúsculo e com pelo menos 15 pessoas amontada, oque é o caso de elevador — Para qual andar vamos? — perguntei.
— Para a cobertura. Lá fica a sala da presidência. Vamos!

Realmente, eu estou muito ferrada. Como eu vou entrar nesse troço todos os dias, se for contratada?
Respira Ágata! Está vazio, só tem vocês duas.

Comecei a mentalizar coisas boas, como eu iria progredir com um trabalho, que breve poderia fazer uma faculdade... Gotas de suor se juntavam em minha testa.

5...6...7 calma, já está chegando, continua respirando.

Fazendo um esforço tremendo tentando não pensar que nos próximos dias eu teria que enfrentar o elevador todos os dias, pior com várias pessoas.

Finalmente consegui chegar ao último andar, mas infelizmente já pensava na descida.

Talvez eu desça de escadas.

Dona Judite aos poucos me passava algumas informações, nada confidencial, pois ainda não havia conhecido o senhor Torres e não saberia se ele gostaria de mim.

Após pouco mais de uma hora já estava familiarizada com algumas coisas da rotina trabalhistas.
Por volta de 07:10h o telefone da recepção tocou, Dona Judite atendeu e era o senhor Torres que já estava em sua sala e lhe chamava.

— Ele estava aí esses tempo todo? — perguntei curiosa.
— Não, deve ter chegado agora. — permaneci sem entender — É o seguinte, ele tem um elevador particular panorâmico. Ele não pega o mesmo elevador que nós, e nunca é visto conversando com os demais funcionários, exceto eu e os principais gerentes de cada setor.

Nossa, já vi que é um velho excêntrico.

— Venha! Vou lhe apresentar o chefe. Cruzando os dedos para ele gostar de você. — disse a senhora de forma risonha e cruzando os dedos.
Lhe segui até a grande porta dupla de correr em madeira, que se não observar direito diria até que era uma parede.
— Licença, senhor Torres! — disse Judite assim que entrou no espaço.
— Entre! — sua voz era imponente.
— Bom dia senhor! Eu trouxe uma moça para a vaga de sua secretária, gostaria de lhe apresentar.

Um silêncio tomou conta do lugar, mas acredito que ele tenha consentido, pois ela piscou para mim me convidando a entrar.
Entrei, ela fechou a porta e segui seus passos, com as mãos atrás do corpo e cabeça baixa.

Por baixo vi quando sapatos preto e lustroso levantaram da cadeira e caminharam se aproximando de mim.

— Como se chama? — a voz grossa e com certo sotaque, que não identifiquei de onde, ecoou pela sala.
— É Ágata Andrade, senhor! — falei tentando não demostrar excitação, eu precisava daquele trabalho se eu quisesse viver uma nova vida.
— Senhorita Andrade, poderia me olhar nos olhos enquanto fala comigo?

Levantei a cabeça. Ele não era velho, como imaginei, me deparei com um homem, de feições firme, olhar cortante, sua postura exalava imponência, respeito, confiança, pra ser sincera eu nunca havia visto um homem tão bonito, exceto pelos galãs da televisão.