Capítulo 57

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Após tanto esperar o fim da cirurgia de Dominick, acabei me rendendo ao sono.

Acordei sobressaltada.

- O que houve foi, minha filha? - perguntou Dona Clarisse, levantando-se da poltrona e vindo até mim.

- Eu tive um pesadelo terrível. O Dominick... - respirava ofegante - havia perdido o controle, estava bêbado, drogado, não aceitava o bebe. - chorei.

- Acalme-se, você está muito receosa em relação ao que o Dominick irá achar, isso pode fazer mal para você e para o bebe.

- Mas ele já me disse com todas as letras que nunca vai querer ter filhos e que isso não faz parte dos planos dele.

- Você acha que você faz parte dos planos da vida dele?

- Não sei, acredito que sim.

- Claro que faz, afinal vocês estão noivos. Querida, meu filho sofreu muito com a perda do pai, de sua irmã e de seu melhor amigo, ele viveu os últimos anos afastando tudo que pudesse fazer se apegar e vir a sofrer depois com a perda, mas você apareceu em sua vida e trouxe luz para a vida de meu filho. Sabe, no começo quando descobri que estava gravida de Dominick eu quase surtei, eu estava com medo, era muito jovem ainda, mas o Oliver foi quem mais me apoiou.- falou com os olhos marejados.

- Como ele reagiu ao saber da gravidez? - perguntei curiosa. Mas, ela teve uma leve mudança de comportamento, talvez não goste de falar de seu falecido marido.

- É complicado falar sobre, mas ele sempre me apoiou. Oliver foi um grande homem, de bom coração.

Bateram à porta.

- Olá, vim administrar a medicação. - falou a enfermeira entrando.

- Está bem. Sabe me dizer se já acordou?

- Sim! - falou Dona Clarisse, junto com a enfermeira.

- Já fui vê-lo, ele está bem. Mas ele pediu que eu saísse, pois chegou um amigo dele chamado Boris.

O nome Boris me causou um arrepio.

Ele veio trazer notícias de Enrico?

- Eu posso ir vê-lo? - perguntei a enfermeira.

- Claro, assim que eu concluir aqui.

Esperei impacientemente pela finalização do procedimento.

Depois ela me ajudou a sentar na cadeira de rodas e me guiou até o quarto de Dominick.

Do corredor ouvi vozes alteradas.

Uma sombra de medo se instalou sobre mim.

Será que o Enrico fugiu?

- Não! Isso não é verdade, você deve está louco. - era a voz de Dominick.

- É a verdade, eu investiguei a fundo...

Entramos no quarto, o semblante de Dominick era de desespero.

- O que está acontecendo? - perguntei.

- Meu filho, o que houve? - perguntou Dona Clarisse.

- Não sei. Me fale a senhora, o que porra está acontecendo.

- Dom! - repreendeu Boris - Se acalme, converse com sua mãe.

- Minha mãe? Quem me garante que ela seja minha mãe também? Essa mulher me permitiu odiar e rejeitar o homem que eu pensei ser meu pai. - Dominick esbravejou.

- Oh Deus! - Dona Clarisse exclamou surpresa. - Filho, eu posso explicar...

- Explicar? Você quer me explicar como eu odiei por anos o homem que eu achei que era meu pai, ele morreu se sentindo culpado pelo que havia acontecido comigo, eu lhe tratei como um criminoso, eu lhe condenei, quando na verdade tudo o que ele fez na vida foi me dar um nome, um lar, uma família.

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