Capitulo 3

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Levanto-me da poltrona com um estalo, minhas costas doem, passei o dia todo fazendo meu crochê, consegui adiantar muitas coisas e esqueci um pouco toda a bomba que foi jogada em mim ontem, sabendo que não poderia mais fugir dos meus pais, eu desço as escadas para encarar meus problemas.
- Pandora, esta viva? – perguntou minha mãe, sentando-se junto ao meu pai no sofá – guardei seu prato no forno.
- Estou bem mãe, obrigada – respondi, seca.
- Vamos ver um filme hoje, os noticiários deram um tempo. – começou meu pai – um romance...
- Sente aqui comigo – chamou minha irmã, não consegui resistir a sua empolgação, me sentei ao seu lado, deitei minha cabeça em seu ombro, esperando os créditos passarem.


- Vicent, rebaixar ele, a essa altura? Não é inteligente, o pai...
- Eu sei muito bem Lotter, não sou imbecil, para os outros soldados ele estará sendo punido, mas pra ele será uma, promoção? Algo do tipo.
- Uma promoção? Usando a colônia? Isso faz sentido pra você?
- Eu já precisava de alguém superior naquele lugar, e já vimos que ele é o poço da misericórdia com invasores, não vamos arriscar, esse é meu argumento.
- Não é prudente.
- Mande o garoto entrar – cortou Vicent, deixando claro que o assunto estava encerrado.
Eric andou cautelosamente até a mesa do presidente, esperando sua punição.
- Bom, soldado Cross, você entende que errou e que precisaria ser punido, certo? Mas seguindo seu ideal de misericórdia, te darei um ultimo voto de confiança. Após uma pausa dramática, ele continuou – como você já sabe, a colheita acontecerá e a colônia funcionara, já temos quase os cargos importantes ocupados, mas tem um especial para você.
- Eu...
- Silencio, ainda estou falando, não entre em histeria, você não vai precisar participar da procriação, se quiser fique a vontade, a variedade de mulheres que terá a sua disposição vai te surpreender.
- Eu não quero ir pra lá.
- Eric, você não esta em posição de escolher – encerrou Lotter.

Após todas as recomendações Eric voltou para seu apartamento, remoendo tudo que havia acabado de acontecer, o presidente tinha dito que isso era um voto de confiança, mas ele não pensava dessa forma, voto de confiança? Vindo dele? Envolvendo a colônia? Difícil de acreditar.





- Esse filme é esplêndido – cantarolou Aimee – o que achou Pan? Eu casaria com esse homem.
- Achei uma bela história – respondi, achando graça.
- As mais belas histórias são as de amor. – completou meu pai.
- Mãe, podemos assistir mais um? – peguntou Austen.
Não teve resposta, olhamos para mamãe e ela dormia sem qualquer pudor.
- Acho que isso é um sim – comentei.
- Isso é um "não" irrevogável – retrucou meu pai – vocês dois podem ir dormir já.
Entre resmungos, os gêmeos foram para o quarto, enquanto meu pai sinalizou para irmos na cozinha.
- Sei que você está se isolando Pandora. Talvez por raiva, talvez por despeito, mas isso é injusto.
- Creio que a injustiçada seja eu, pai.
- Certo, pode se isolar se quiser, mas isso não muda os fatos.
- O fato é que vocês soltam uma bomba, literalmente, em cima de mim e querem que eu haja como se nada estivesse acontecendo, não entendem? Agora eu vivo no constante pensamento de que há qualquer momento alguém vai arrebentar essa maldita porta e me levar pra sabe Deus onde.
-Você é minha filha! Eu jamais vou ignorar oque pode acontecer lá, mas preciso que entenda, pelos seus irmãos e pro bem da sua família.
- Eu vou levar a vovó pro quarto – respondi, cansada – até amanha.
- Pandora!
-Não, pai, por favor –encerrei o assunto enquanto caminhava, servindo de apoio para minha avó.

Aquele OutonoWhere stories live. Discover now