CAPITULO 10

283 51 5
                                    

Brian me puxa pelo braço e sinto de imediato que aquilo ficará com um roxo enorme.

- O karma é realmente esplêndido - ele cantarolou.
-Que karma? Eu não fiz nada.
-Você me dedurou e agora aconteceu com você.
- Eu não fiz nada!
-Então foi ela? - ele parou abruptamente, estava realmente interessado na verdade? Ah não, claro que não, eu vi a maldade em seus olhos e desisti quase de imediato em falar oque realmente aconteceu.
-Pense oque quiser -foi tudo que respondi.

Insatisfeito, ele continua me arrastando pelo longo corredor, a pressão no meu braço era quase insuportável, mas eu não estava ansiosa pra chegar em sabe se lá qual era o destino.









-Tá, olha só, sejamos razoáveis -começou Anthony
-Lá vem.
-Cala a porra da boca e escute, olha, Éric, você é respeitado, talvez se você falasse com o general, talvez... talvez não precisaremos participar disso.
-Eu fui punido, por isso estou lá, obviamente não vão me tirar só porque eu pedi.
-Eu só não quero que a gente... faça isso.
-Eu também não, você viu como estão assustadas?
-Essa merda toda fede, mas vamos resolver, o Miguel quer o relatório hoje?
-É claro que quer.
Os dois soldados andaram em direção a sala do superior, passaram em frente ao refeitório, onde todas as garotas comiam, havia certo murmurinho, Éric percebeu que involuntariamente estava procurando a respondona, mas não a encontrou.

Ouvindo batidas na porta, Miguel os autoriza a entrar.
- E então, como foi?
- Bom, deixamos a menina lá e em forma de desculpas pelo equívoco, deixamos três cestas com alimentos -explicou Anthony
-Fizeram algum alarde?
-Acho que só sentiram alívio por ter a filha de volta.
-Ok, amanhã faremos a marcação de todas as garotas, estejam preparados.
-As garotas vão passar por isso? - Éric perguntou, incrédulo.
-Precisamos ter organização...
-Com o gado? Com as mercadorias? - ele rebateu.
-Éric, não vamos ter crise de caráter agora, precisamos fazer.
-Isso e supérfluo, existem outras formas de organização.
Anthony olhava de um para o outro, sem saber identificar se aquilo era uma briga de ego ou de princípios.
-Essa e a forma mais barata.
-Incrível.
Sem mais nenhuma palavra, Éric se retira da forma mais petulante possível.
-Am, com licença.
-Vá Anthony, vá.

Anthony começa a acelerar o passo, a fim de alcançar Éric.
-Aquilo parecia uma competição de mijo.
-Vão colocar números nelas, e desnecessário, são o que? Cinquenta garotas?
- Olha eu...
-Cale a boca
-Ora, cale você sua...
-Shiiii, calado - Éric se concentrou no barulho ao redor - você ouviu isso?


Escuto passos acima da minha cabeça, parece que estamos em baixo de todos, Brian fecha a porta da singela sala, que conta com dois bancos compridos.

-Vai me deixar em solitária?
-Vou te fazer um favor - ele olha ao redor, parecia estar se certificando que estávamos a sós.
-Bom, você tem duas opções, eu reporto você ao Miguel e ele te joga na pior parte do país e você morre lá, ou, eu posso ser legal com você. - da forma mais repulsiva, ele começa a acariciar a parte interna da minha coxa.
-Não ouse me tocar - o medo faz com que minhas palavras não passem de sussurro.
Brian parece não me ouvir, e continua tentando me tocar, enrijeço minhas pernas na esperança de que ele não consiga fazer oque quer, ele me olha com raiva.
É bom você cooperar - sussurra entredentes, enquanto começa a torcer meu braço, provocando uma dor insuportável, não consigo conter o grito que sai da minha boca.
A porta é aberta de supetão.
-Meio segundo de paz - Éric começou - você consegue dar meio segundo de paz pra humanidade, Brian? - ele olha pra mim e pro meu braço machucado - o que diabos está acontecendo aqui?
Eu olho pra ele assustada, não consigo dizer absolutamente nada.
-Anthony, tire essa coisa daqui.
-Ah Éric, não seja dramático, ela tentou fugir, eu só estava...
-Anthony.
-Vem logo, me explica essa história direito.
Brian sai tagarelando uma imensidão de absurdos para Anthony, enquanto Éric fecha a porta de novo, ah não, não feche de novo, começo a respirar fundo, tentando me controlar, ele me olha curiosamente por um instante e logo em seguida, abre a porta.

-Vamos deixar ela assim - ele fala calmamente.

Concordo com a cabeça, observo enquanto ele estabelece uma distância respeitável entre nós.

-Ele machucou o seu braço?
-Sim -sussurro.
Ele me olha por longos instantes.
-Eu pretendo dar uns chutes nele, tem algo que ele tenha feito com você que mereça minha atenção?

Faço sim com a cabeça, começo a tentar explicar mas tudo que sai da minha boca são soluços, maravilha, comecei a chorar copiosamente.
Éric, senta do meu lado, sem nenhum contato físico, ele me olha de forma gentil.
Quando meus soluços finalmente acabam, Éric me pergunta se pode olhar meu braço.
-Bom, provavelmente foi só uma torção, mas temos uma enfermaria...
-Não não...
-Tudo bem, relaxa, olha, eu busco gelo e você coloca.
-Não precisa, eu sei fazer uma tala.
-Você chegou a ir no refeitório?
-Não deu tempo.
-Estava ocupada fugindo?
-Vai me julgar?
-Não - ele respondeu de imediato - eu não julgaria nenhuma de vocês, principalmente por fugir.
-Eu só queria ir pro meu quarto mas... -começo a me lembrar da minha confiável colega de quarto - teria algum quarto sobrando? Eu não quero ficar com a Linda.
Ele me olha desconfiado mas concorda com a cabeça.
-Acho que sobrou um quarto, mas talvez você não fique lá sozinha por muito tempo...
-Tudo bem, só preciso que me ajude a pegar minhas coisas, eu não queria vê-la...
-Eu mando pegarem, agora você realmente precisa ir pro seu quarto.

Caminhamos lado a lado em silêncio, a companhia dele é, por incrível que pareça, agradável, consigo esquecer por alguns minutos a ferida que Brian havia acabado de abrir em meu coração.
-Então, alguém vai trazer suas coisas.
-Obrigada Éric.
Ele me olha, parece estar em um conflito interno.
-Ele não vai encostar em você de novo.
-Eu...
-Boa noite Pandora, ah - ele virou para me olhar de novo - você devia comer.

Sem dizer mais nada, Éric foi embora, sim, eu teria que lidar com meu novo fantasma sozinha.


Éric anda pisando forte, mal estava contendo todo o ódio que estava sentindo, suas mãos tremiam de raiva, Nick estava vindo em sua direção, antes que o soldado pudesse dizer qualquer coisa, Éric começou:

- Preciso que pegue a mala da Fulgur e leve para o quarto 32.
-Ah tudo bem...
-E mande algo pra ela comer também.
- Sim senhor.
-Ah, mais uma coisa - acrescentou - você viu o Brian?

Aquele OutonoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora