Capitulo 14

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-Isso dói demais - choraminguei, encostando minha cabeça no ombro dele.

-Eu sinto muito, eu sugeri que distribuíssemos analgésicos, mas Miguel não autorizou -respondeu Éric.

-Miguel é um cretino.

-Não, ele age como um cretino aqui.

-Você conhece ele fora daqui?

-Nos crescemos juntos Pandora.

-Entendo, são amigos então?
Éric franziu o cenho.

-Acho que sim.

-Você bem que poderia usar essa sua carranca de superior pra conseguir um analgésico pra mim - fiz beiço enquanto falava, na vã esperança de convencê-lo

-Pandora Fulgur isso se chama corrupção!

-Deus vai me perdoar.

-Você me espera aqui?
-Se eu sair sozinha vou me encrencar de toda forma, só estou aqui porque o super chefão me trouxe.

-Eu vou indo antes que você estoure meus tímpanos com esse papo.
- É a dor falando.
-Aposto que é.

Esperei Éric se afastar para desfazer o sorriso que eu forçava em meu rosto, céus como isso dói, olhei de novo para a marca no meu braço, mesmo que algum dia eu saia daqui jamais vou conseguir esquecer, estou marcada pra sempre. Cogitei fazer uma pirraça assim que a adrenalina passou, mas Éric não merecia, consegui ver o esforço em me deixar animada e isso é reconfortante, não sei se já somos amigos, mas com certeza é a pessoa mais próxima que tenho aqui. Quanto exagero Pandora! Você está aqui a dois dias.

-Terra chamando Pandora! - Éric brincou - tem alguém aí?

-Ah desculpa, pensei que fosse demorar mais.

-Eu sinto muito - o rosto dele ficou sério.

-Não é culpa sua.

-Bom, é culpa de alguém - ele respondeu, enquanto me entregava uma cartela de remédios junto com uma garrafa de água.

-Obrigada - respondi, enquanto tomava a pílula - isso é melhor que vodka.

-Você bebe vodka?

-Bebia escondido do meu pai com Madeline.

-Madeline de que? - retrucou Miguel, nos fazendo pular de susto.
Éric se levantou rapidamente.

-O que é isso, Éric?

-Ela estava com dor, precisava se distrair.

-Todas estão com dor, mas ela merece atenção especial?

-Mas a desculpa da colônia não é essa? Vocês não dizem que o amor pode bater na porta? Ou seja lá qual a merda que estão pregando hoje em dia.

-Claramente não é o caso, levando em conta o sarcasmo em sua voz Éric. Pandora, vá imediatamente para a área de recreação e tente não se meter em confusão no caminho.

Saio em silêncio, com medo dos meus passos irritarem Miguel, sigo meu caminho preocupada com Éric, mas são amigos, certo? Nada vai acontecer com ele.


-O que em nome de Deus você está fazendo? O que está havendo com você?

-Não torne isso maior do que é.

-Você quebrou regras.

-Que regras? Daqui a semanas todos os guardas vão estuprar todas essas meninas mas as suas regras se baseiam em uma porcaria de remédio? Francamente...

-Não é estupro.

-Ah por favor, não seja condescendente, você sabe oque vai acontecer.

-Vocês criam laços aqui.

-Então por que, exatamente, você está me enchendo o saco? Já que, em tese, estou "criando laços" - Éric respondeu, carregado de sarcasmo.

-Não sei oque está acontecendo com você, mas é bom resolver Éric, sou seu amigo e odiaria ter que tomar medidas extremas contra você.

-Eu mereço punição pelo que?

-Em dois dias você questionou minha autoridade cinco vezes!

-Eu questionei suas decisões!

-Então não me questione!

-Eu conheço você Miguel, e você não é essa pessoa.

-Eu sou exatamente isso.

-Bom, tomara que não se arrependa!

Éric saiu, deixando Miguel sozinho com seus pensamentos, o amigo estava certo? Ele ainda poderia o considerar um amigo? Ele realmente estava fazendo o certo? Ignorou todos os questionamentos quando ouviu a sirene do almoço.

Aquele OutonoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora