Buonanotte, piccolina

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Carina andou silenciosamente até a porta do quarto para encontrar Maya sentada na poltrona com a pequena Lucia no colo enquanto fazia cócegas na barriga dela. A gargalhada da bebê ecoava no quarto e Carina ficou algum tempo ali observando aquilo com um sorriso no rosto.

— Eu pedi para você colocá-la pra dormir não para brincar com ela, Maya? Desse jeito ela não vai dar sossego hoje e nós duas precisamos trabalhar amanhã. – Ela disse enfim entrando no quarto e parando na frente da mulher.

— Mas é que ela não quer dormir, meu amor. Ela quer colo. Eu a coloco no berço e ela me olha com essa carinha e eu não consigo não fazer o que ela quer. – Maya apertou as bochechas rosadas da pequena fazendo com que ela risse.

— Ela ainda nem fala e já te leva na conversa, meu bem. Você tem que ser mais dura com ela. – A italiana disse enquanto balançava a cabeça negativamente.

— Eu não consigo. Ela é muito doce. – Maya disse passando o dedo sobre o nariz da pequena fazendo com que ela fechasse os olhos por um instante.

— Já vi que vai ser assim. Eu vou ser a mãe chata e você a mãe legal. Agora deixe a no berço e venha pra cama.

— Eu não quero deixá-la pegar no sono sozinha. Ela é muito pequena ainda. - Maya olhava para a namorada implorando.

— Não, Maya. Quando você não está aqui ela dorme sozinha.

— Eu não acredito que você tem coragem de olhar pra essa carinha e deixá-la sozinha aqui. – Maya disse virando aquela bebê gorduxinha de olhos azuis na direção de Carina.

Lucy apenas sacudiu os braços na direção da mãe e balbuciou algo mostrando a gengiva desdentada.

— E você tinha medo de ser dura demais com ela, dona Maya Bishop. – Ela relembrou toda a história de antes da bebê nascer.

— Está na hora de dormir, ok, amore mio? Suas mamães precisam descansar também. – Ela colocou a bebê no berço e deu lhe um beijo carinhoso na testa.— Buonanotte, piccolina.

Maya levantou-se da poltrona e ficou ao lado do berço olhando a pequenina no berço tentando colocar um dos pés na boca. Ela já lhe parecia tão grande. Queria que fosse possível congelar ela daquele tamanho pra que ela pudesse sempre caber em seu colo.

— Boa noite, meu benzinho. Eu amo você. – Ela disse passando a mão sobre a bochecha da filha fazendo com que ela desse um sorriso.

— Vamos, Maya? – Carina diz pegando a mão da mulher e arrastando a para fora do quarto contra a vontade dela.

Já em seu quarto prontas para dormir elas ouviram o choro da pequena no outro quarto.

— Maya, nem ouse ir até lá. Ela vai chorar por uns minutinhos e depois vai dormir. Se chama adaptação. – Carina disse arrumando-se na cama para dormir.

— Como você consegue ficar tão calma com ela chorando assim? – Maya disse aflita.

— Você se acostuma. Agora durma. – A italiana disse fechando os olhos.

Maya deitou-se ao lado dela, mas manteve os olhos abertos. Não conseguiria dormir. Ouvir a bebê chorando cortava seu coração.

Carina abriu os olhos novamente notando a bombeira impaciente na cama.

— Você poderia parar de se mexer tanto, meu bem?

— Carina, eu não consigo. – Maya disse já levantando da cama e indo em direção ao quarto da pequena.

— Maya, não... – Ela nem teve tempo de terminar. A outra já estava fora do quarto.

Maya voltou em alguns instantes com a pequena no colo e seu pequeno cobertor.

— Deixa que ela durma aqui com a gente, por favor? Ela vai ficar quietinha. Ela promete. Não é, Lucy? Promete pra mamãe. – Maya disse aproximando-se da cama com a pequena e já colocando-a do lado da mãe.

— Ela sabe quando você está em casa porque comigo ela dorme rapidinho.

— Deixe que ela fique, meu amor? Só hoje. Amanhã vamos passar a noite longe dela e é sempre tão difícil. – Maya ficou encarando a namorada com aqueles olhos implorando.

— Ok, só hoje.- Realmente ainda era difícil passar o turno da noite no hospital longe da pequena ainda mais quando as duas tinham que trabalhar na mesma noite.

Carina ainda lembrava da primeira noite de volta ao trabalho. Nenhuma delas conseguiu descansar e ao chegar em casa pela manhã quase esmagam a pequena de tantos beijos e abraços. Pensavam que com o tempo ficaria mais fácil, mas pelo que parecia não.

Maya comemorou jogando-se na cama e dando vários beijos na namorada e na filha. Em seguida, a loira arrumou-se na cama e aninhou a pequena entre as duas deixando-a bem confortável.

Carina passou o braço por cima das duas e fixou os olhos nos olhos da amada a sua frente. Havia perdido para Maya, mas por mais que quisesse tornar a filha independente tê-la ali tão próxima de si, sentir o cheirinho delicado da sua pele e ver a sua mãozinha tão pequena segurando aquela mantinha entre os dedos derretia o seu coração. Para completar ainda tinha a sua mulher do outro lado tão linda e tão forte, mas tão amável e tão protetora. As mulheres da sua vida eram perfeitas.

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