Doors knocked

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Carina entra no quarto escuro. Os pés descalços e os passos lentos tentando ser o mais silenciosa possível. Maya parece já estar dormindo, mas Carina sabe que não. Ela só está chateada. Carina foi grossa com ela. Num daqueles momentos de excessiva individualidade. Maya oferecera-se para ajuda-la com uma situação que estava estressando-a e ela fora grossa. Fora grossa em italiano. Porca miseria! Em italiano era bem pior. Podia ter recusado a ajuda dela de outra forma. Ou mesmo ter aceitado. Precisava aprender a aceitar ajuda de vez em quando. Maya recolhera os braços junto ao corpo. Se retirara silenciosa. Carina não entendeu no momento. Achou que aquilo fora um excesso de drama. "Maya, eu não quis..." Baam. A porta se fechou  e Carina ficou balançando para trás com os braços no ar. Não havia sido grossa, pensou. Havia sim, pensou novamente depois de alguns instantes. Pronto. Não conseguiu mais trabalhar. Ficou roendo as unhas e batendo uma caneta repetidas vezes pensando em como resolver. Mas estava tarde e a luz do quarto se apagou e talvez Maya não quisesse conversar e... ela podia fingir que nada havia acontecido e apenas deitar ao lado dela. Na verdade não podia. Maya rejeitaria seu abraço e isso seria pior. Agora estava ali observando a esposa na pouca luz do quarto. Se aproximar poderia piorar as coisas, mas Carina não conseguiria dormir "de mal" com a esposa. Não conseguiria e não queria. Não podia desperdiçar a noite em que estava em casa e podia dormir com os dedos entrelaçados nos dela e o nariz afundado em seu pescoço. Amanhã dormiria [ou não] sozinha em uma cama dura e fria no Grey Sloan. Definitivamente o caminho era conversar. Carina engoliu o orgulho preso na garganta. Parou de joelhos sobre a cama bem próxima da esposa. Maya estava virada para a parede, mas não dormia. "Você sabe que eu cuidava de Andrea desde bem pequena. Mama trabalhava fora e Papa passava praticamente todo o seu tempo no hospital". Ela encarava as mãos enquanto falava. "Eu me sentia meio que a mãe dele. Até sermões lhe dava". Riu sozinha. Boas lembranças de Andrea. "Quando Mama e Andrea vieram para os Estados Unidos eu fiquei completamente sozinha... quer dizer além de Papa, e com o tempo além de resolver meu próprios problemas eu tive que lidar com as crises dele. Eu não tive muita ajuda. Sempre resolvi tudo sozinha. Me acostumei assim. Papa sempre foi muito rude e... eu sei que isso não é uma justificativa, mas...eu não queria magoar você. Eu juro". Uma pausa e nenhuma reação de Maya. "Olhe... eu... eu tenho essa bagagem. E eu não sei como me livrar dela apesar de saber que preciso. Eu não sei lidar bem com ajuda e... eu sei que fui grossa e não devia. Não devia mesmo". Maya continuou imóvel. "E  você tem o direito de ficar chateada e não querer conversar a essa hora. E entendo você. Eu só queria que você soubesse disso. Boa noite, bambina". Carina enterrou o queixo no peito com uma careta. Droga. Maya estava mais brava do que ela imaginava. Levantou-se para voltar à sala. A noite estava perdida. O jeito seria esperar até que a esposa dormisse do lado de fora. Arrumaria uma coisa qualquer para fazer. Talvez ela mesmo acabasse dormindo do lado de fora pela primeira vez. No pequeno e duro sofá da sala. Precisavam comprar um sofá mais confortável. Sempre ouvira piadas sobre "dormir no sofá" durante o casamento, mas não sabia que aquele momento chegaria tão logo para ela. "Carina". A médica se voltou para ver se realmente ouvira a voz da outra. "Venha aqui". Carina sentou-se novamente. "Está tudo bem". "Mas você ficou brava". "Eu não fique brava. Fiquei magoada". "Me desculpe. Eu sou uma idiota". "Você não é idiota". "Sim, eu sou idiota porque você só queria me ajudar e eu fui uma idiota com você". "Pare com isso. Você não é idiota. Você só poderia ter dito que preferia fazer as coisas sozinha. Você não precisava gritar". Carina revivia o momento."Mas... está tudo bem agora". Maya assim como Carina preferia passar a noite de folga colada na mulher do que sozinha naquela cama. "Você promete?"."Eu prometo". Carina deitou-se  de lado na cama. Maya afastou um pouco o corpo até ficar mais próxima. Carina pousou a mão na curva de sua cintura. As duas em silêncio se olhando a meia luz. Nenhuma palavra precisava ser dita. Maya não estava mais brava. "Eu posso dormir no sofá se você quiser". Carina sugeriu meio que brincando. "Se você está querendo se livrar de mim vai ter que fazer muito mais que isso, Carina DeLuca-Bishop". "Ótimo porque eu provavelmente iria acordar no chão da sala. Ah, e a propósito, precisamos trocar esse sofá urgentemente". "Isso não é tão urgente assim". Maya agarrou a mulher pela cintura encaixando o nariz em seu pescoço. A beijou no meio da risada que ela dava o que fez com que seus dentes se tocassem um instante trazendo mais motivos para as risadas seguintes. "Você é a minha parceira de trabalho preferida, sabia?". "Ow, elogios de graça". "Eu só não queria que o fato de eu ter agido daquela forma com você faça com que você duvide disso". "Eu não duvido. O jeito que nos comunicamos somente com o olhar quando trabalhamos juntas não me deixa duvidar". "Viene qui. Ascoltami. Io te voglio bene. Sei mia, sei mia, sei mia". O sorriso no rosto de Maya fazia com que seus olhos ficassem levemente fechados e suas bochechas tivessem um leve brilho. Aquele sorriso somente a italiana conseguia tirar dela.

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AN: Genteee... falta apenas 10 dias para revermos as mamães. 10 DIAAAAS. Já vi várias imagens promocionais delas com as carinhas mais felizes do mundo então pelo menos teremos história feliz dessa vez(quase certo que o baby vem). Também vi que Arizona vai estar em Greys e daria tudo para uma cena de ciúmes da Maya. (Tenho uma história perdida nas notas com a Ari. Vou reformar e postar.)
Até breve, firefans

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