Capítulo 2

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Aí! Minha cabeça vai explodir. Acho que tive o sonho mais doido de toda a minha vida. Ouvi o barulho do mar alto, estranho, eu não morava perto da praia, minha casa ficava perto de uma comunidade onde quase sempre rolava troca de tiros. Abri os olhos devagar me acostumando com a claridade.

Ouvi barulho de gaivotas, pera aí? Gaivotas? Na minha casa?

O céu acima de mim estava cinza, claro, mas ainda cinza, não parecia que ia chover, mas... Aí meu Deus, Gabi tinha me embebedado de novo! Mas dessa vez foi de mais! Dormir na rua?

Olhei em volta me sentando no chão frio de... Pedras? Deus do céu! A minha frente tinha um mar azul e um cais cheio de grandes embarcações, mas não eram barcos modernos, eram grandes navios antigos... Caravelas pra ser mais exata. Tinham algumas casas estranhamente feitas ao meu lado. Eu devia ter batido a cabeça com força, aquilo não podia ser real. Não havia ninguém na rua e ao longe um barco se aproximava do cais, apenas um, os outros estavam quase que abandonados e as casas estavam fechadas.

Na minha mão ainda tinha o relógio, então percebi. Não foi um sonho. E aquilo ali nao parecia o Rio de Janeiro, mas como eu cheguei ali? Me levantei e olhei o relógio ainda eram dez e trinta e cinco no relógio, estava quebrado com certeza. Me levantei do chão, não estava com medo. De jeito nenhum! Talvez um pouquinho.

Olhei meu vestido, ainda estava no meu corpo graças a Deus, o marsala estava sujo mas não aparecia muito, meus braços estavam sujos também, o vestido era longo, o mesmo vestido que usava no teatro, com um grande decote e alcinhas, com a saia levemente rodada e uma faixa de mesma cor na cintura.

Olhei pros lados a procura de alguém. Como que eu ia embora Dali?! E agora?! Não tinha uma alma viva ali pra eu perguntar alguma coisa, que droga! E a Gabi? Será que ela tá bem? Aí meu Deus me ajuda. De repente o grande navio ancorou a alguns metros a frente, talvez eu pudesse pedir ajuda, os homens gritavam e riam, não pareciam muito amigáveis e usavam roupas estranhas, pareciam... Piratas? Que isso agora, piratas do Caribe?

Um deles usando uma máscara que eu julguei ser ferro andava na frente dos outros, ele parou e passou os olhos pelo lugar. Eu tô sonhando. Eu tô sonhando. Eu tô sonhando. Acorda Hannah!

O homem virou o rosto em minha direção sem me dar tempo pra tomar um decisão entre correr ou me esconder, ele olhou pra mim por uns vinte segundos e a idiota aqui não fez absolutamente nada, travada no mesmo lugar.

- Get her! - gritou ele em inglês com uma voz forte, fazendo todos os movimentos no meu corpo ficarem ativos.

Arregalei os olhos e comecei a correr pro lado oposto. Acorda logo Hannah! Corri o mais rápido que minhas pernas permitiam. Droga! Tropecei no vestido e cai de joelhos, pronto. Agora a merda tava feita.

Um homem agarrou meus cotovelos e me segurou com força, tentei me soltar mas ele segurou com tanta força que doeu, mas a gente não sente dor em sonhos, né?

- Me solta seu Ridículo! - gritei, não adiantou muito.

O homem praticamente me arrastou até o grande navio, olhei pra todos os lados estranhando tudo, não é como os navios de hoje em dia, o deque era de madeira crua e limpa, as velas estavam rasgadas e todos ali me olhavam estranho, se vestiam mal também, tinha uma mulher no navio, a mulher mais esquisita que eu já vi, parecia uma gótica extremista, o cabelo loiro não estava muito bem cuidado, tinham algumas traças, usava pircings na boca, credo! Não tinha coragem de colocar um piercing na boca nem morta. Usava alguns ossos que achei melhor julgar serem falsos ou de plástico, ela me olhava feio e parecia ser a única mulher ali.

Ninguém falou nada comigo, os poucos homens que estavam ali riam olhando pra mim, homens horríveis e barbudos, que nojo! Mas era um sonho, nada mais que isso, então não liguei, um deles me amarrou a um mastro que ficava no centro do navio.

MaelstronOnde as histórias ganham vida. Descobre agora