Capítulo 7

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Não vi Flynn durante o dia todo, não sei como é possível um homem daquele tamanho Desaparecer dentro de um navio. Pieter e eu almoçamos juntos no convés, por algum motivo o capitão não fez nenhum escândalo pela minha falta na mesa. Aparentemente ele estava resolvendo coisas muito importantes pra desaparecer desse jeito. Era noite, assisti o entardecer no meu novo lugar favorito ( convés principal), a preocupação havia se instalado na minha cabeça. Não podia negar que estava assustada e desesperada pra voltar pra casa, pra minha época, minha realidade.

Mesmo com o cair da noite o calor ainda se fazia presente, o vento era fresco, relaxava minhas tensões. Abri a porta do quarto, encontrando o Flynn Bonitão sentado em uma poltrona, no escuro, tinham poucas velas iluminando o local, ele estava jogado, sem camisa com a cabeça pra trás... Podia ser só impressão minha, mas esse gostoso deixou o ambiente mais romântico pra tentar me conquistar? É muita sacanagem comigo! Observei seus músculos, a pele brilhava, dourada, perfeita... Gostoooooso! Jesus , se estiver me ouvindo, livrai-me da tentação!

Ouvi seu suspiro, então sua cabeça se levantou lentamente, os olhos fixos na minha direção. Porra! Que delícia de homem! Se controla Hannah, fica na sua! Seus olhos percorreram meu corpo, vi brotar um sorriso satisfeito em seus lábios, tinha alguma coisa fazendo barulho... Ah não, era meu coração disparado, fica quieto coração destrambelhado! Não é hora pra isso. Mordi o lábio inferior e apertei minhas mãos em punho, ele sabia conquistar uma mulher com gestos tão simples.

— Está bonita Hannah — as palavras tranquilas e arrepiantes dele me fez pensar se ouvi errado.

Ele estava muito tranquilo, e isso não era sinal de boa coisa.

— Obrigada — respondi por educação, no mesmo tom que ele.

Adentrei o quarto, indo em direção a cama, seus olhos seguiram cada movimento meu, tive dificuldade pra andar sob os olhos dele, me recusava a pensar que eu era a única pessoa com esse problema, pras modelos parecia tão fácil. Ele me olhava intensamente, como um falcão. Me sentei na cama desconfortável em estar na mira de seus olhos, virei meu rosto pro outro lado evitando o contato visual, então ouvi o barulho do couro e em seguida seus passos, meu coração estava batendo cada vez mais rápido conforme ele se aproximava e meu corpo esquentando. Engoli em seco quando ele se sentou ao meu lado ainda em silêncio, o maldito não disse nada, mas eu ainda sentia seus olhos, fingi estar pensando em outra coisa mas meus ombros tensos me denunciavam.

— Estou surpreso, Nyelle não é muito de fazer amizades — ele quebrou o silêncio, quase não entendi suas palavras graças as mãos que subiam pelas minhas costas.

Não, homem de Deus, dá sossego. Pra que me tocar agora hein? Não tem necessidade disso. Editor da vida, corta essa parte e passa pra próxima onde eu já tô em casa com a minha vidinha chata de antes. Na verdade esse editor da vida queria mesmo era me ferrar. Tudo de ruim que podia acontecer comigo já aconteceu, já nasci no Méier, moro no Méier, que fica na puta que pariu, tenho tempo pra nada, sou secretaria com um patrão metido a Silvio Santos, quase morro com bala perdida todo dia e agora ainda vim parar trezentos anos Antes do meu tempo com um homem gostoso desse que na verdade não presta e ainda por cima é pirata. Pelo menos ele não me estuprou, ainda.

Não encosta a mão não querido — falei calma, me afastando do seu toque.

Ele sorriu, mostrando os dentes... Meu deus do céu gente, um homem com um sorriso desse tinha que tá era numa propaganda da Colgate.

— Tem medo que eu não cumpra com o que disse? — ele parecia outro, tão doce e calmo... Tática.

Iria me conquistar, e já tinha começado com o processo. Cafajeste.

MaelstronWhere stories live. Discover now