Capítulo 3

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Não sei como fui parar no quarto do Flynn, aliás eu não estava entendendo bem acreditando em nada, era mal iluminado, com muitas velas espalhadas pelo lugar todo feito em madeira, uma grande cama com dossel estava colocada no Lado oposto da porta. Af, parecia tão macia e gostosa, meu corpo pedia por descanso e eu nem sabia porque.

Flynn me fitava ao desabotoar a camisa lentamente, sabia que estava me afetando. Aí meu Deus, esse homem não é desse planeta, ele tirou a camisa e a jogou no outro canto do quarto, eu idiota, olhava parada ao invés de fazer alguma coisa, ele ia me estuprar e eu nem sequer me mechia. Corre Hannah! Mas correr pra onde? Estávamos em um navio no mar... Mas ainda estávamos ancorados, eu podia correr pra onde eu estava, talvez lá eu encontrasse um jeito de voltar pra casa.

Mas minhas pernas não me obedeciam. Engoli em seco ao ver Flynn se aproximar até estar com o corpo colado no meu, me afastei, não sei com que coragem, mas me afastei até encostar na parede. Merda!

— Não precisa ficar com medo, eu não vou machucar você, quero apenas me divertir — ele sussurrou num tom sensual que ainda não tinha ouvido.

Hum. Não seria nada fácil fugir dele, asqueroso, nojento... Gostoso! Ah Deus me dá uma luz.

— Mas antes... — continuou ele limpando alguma coisa no meu ombro — você vai tomar um banho, está suja e... fedendo.

O que...? Como ele ousa?! Abusado, eu não tava fedendo, ou estava? Levei a mão ao cabelo automaticamente e senti areia nos fios, assim como também estavam levemente úmidos com um líquido que cheirava a peixe. Ele tinha razão nessa parte, eu estava imunda, mas também pudera, acordei num chão sujo. Mas se fosse pra manter ele longe ficaria suja com todo prazer, ou não tanto prazer assim.

— Se estou suja e fedendo porque insiste em me querer? Que tipo de idiota voce é? — não era pra eu ter dito aquilo, mas não me arrependia nem um pouco.

E tinha perdido o emprego por causa disso... Meu emprego! Agora sim vão me demitir quando eu não aparecer na segunda-feira. Aí que ódio.

— Acho que você ficaria muito melhor muda — ele disse trincando os dentes e e apertando os dedos em volta de um punhal que estava cravado numa mesa de madeira ao meu lado — o banheiro é alí. Quando voltar quero você limpa! Caso contrário... — ele arrancou o punhal da mesa e encostou a lâmina fria no meu pescoço me fazendo engolir — entendeu?

Fiz que sim com a cabeça me mordendo de medo, esse homem era muito bem capaz de matar, não estava nem aí. Meu corpo tremeu... Porque comigo? Ele saiu porta a fora como uma ventania, ouvi o barulho da porta sendo trancada por fora. Não é possível! Ele me deixou trancada! Ah senhor, dai-me paciência pra não fazer besteira e acabar morta com o corpo boiando por esse mar.

Fui até onde ele tinha dito e encontrei uma grande banheira de porcelana cheia de água, estava fria, se eu estava presa em um lugar totalmente desconhecido iria tirar o maior proveito disso. Tirei meu vestido e os sapatos, entrei na água, mesmo fria tentei me acalmar me imergindo nela, o que não deu muito certo, por dentro eu ainda queria esganar Flynn, e queria mais ainda arrancar o piercing da Gabriela, tudo culpa dela, se não tivéssemos ido naquele maldita teatro, eu poderia estar em casa agora, com a minha vida chata e sem graça no belo e perigoso Rio de janeiro. Eu estava com tanta raiva daquela calopsita albina e daquele capitão gostoso que nem vi o tempo passar. Terminei o banho e me enrolei em uma toalha que estava ali, com meus cabelos lavados sem xampoo! Ficariam mais secos do que já eram, sai do banheiro só com a toalha já que meu vestido estava sujo com cheiro de peixe. Podia parecer uma provocação aos olhos do Capitão, mas eu não tinha o que fazer.

Tinha um vestido ridículo em cima da cama, na cor azul, era cheio de drapeados e de um tecido aparentemente pesado, eu não vestiria aquela breguice nem em um milhão de anos. Que porcaria! É a única coisa que tinha pra vestir, a última coisa que eu queria era agradar o tal do Flynn e ver aquele sorrisinho no rosto dele, meu sangue fervia só de pensar.

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