Capitulo 12

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Meu peito mais parecia um tambor, quase fiquei surda com as batidas do meu coração, de todas as confusões que eu havia me metido, aquela era com certeza a pior de todas elas. Eu não acredito que iria morrer assim, eu tinha uma vontade de gritar e chorar, mas me recusei a demonstrar qualquer coisa. Confesso que aquilo tudo era horrível, saber que ia morrer e não poder fazer nada, somente aceitar... Que vida curta, não pude me despedir de Gabi ou dos meus pais, nem mesmo poderia ser enterrada na minha cidade nem na minha época. Que coisa estranha, nasci em 1996 e morreria em 1746, aquilo deu um nó na minha cabeça.

Respirei fundo observando a pequena abertura no deque do navio, eu estava amarrada com uma corda mais grossa do que o necessário, não conseguia me mover, somente andar. Todos gritavam felizes com a minha morte, menos Pieter, Flynn que estava atrás de mim e por incrível que pareça Nyelle, que me olhava de uma forma estranha, não estava feliz, nem triste, mas estava inquieta. Já estava tarde, o sol ameaçava se encostar no horizonte, fazendo um brilho alaranjado se espalhar pelo mar, o vento que soprava era agradável, a única sensação boa que eu sentia.

— Você tem tem a sorte de não ser torturada antes disso — sussurrou Flynn cuspindo todo o seu ódio no meu ouvido — Eu poderia até ferir você mas já tem sangue o suficiente em você para atrair os tubarões.

Devorada por tubarões, que coisa ridícula, eu não conseguia nem imaginar o quanto isso seria horrível, segurei as lágrimas que ameaçavam cair, eu estava morrendo de medo por dentro, mas não sei de onde tirei forças e coragem para esconder. Senti Flynn me empurrar em direção a beirada do navio, enquanto os outros gritavam cada vez mais alto. Minha respiração ficava entrecortada a cada passo que eu dava, então eu parei. Eram meus últimos minutos de vida, eu falaria tudo que eu queria, não ia morrer sem antes dizer tudo o que eu pensava. Me virei para eles, o ódio nos olhos de Flynn me fez tremer.

— Continua! Eu não mandei você parar! — bradou Flynn cerrando o maxilar.

Engoli em seco, lhe lançando meu pior olhar de desprezo. Voltei-me para Pieter, a pessoa mais gentil que conheci ali, tentei sorrir pra ele mas acabei fazendo uma careta.

— Obrigada por ter sido tão gentil comigo — foi a única coisa que consegui dizer, ele deu um leve sorriso, mesmo com os olhos tristes.

— Mas o que é isso? Uma despedida triste? Estou deveras comovido... Continue andando antes que eu mesmo te empurre! — Flynn parecia estar muito mais furioso agora, segurava uma espada na mão direita.

De repente perdi a paciência, quem ele pensava que era pra me julgar e me matar? Deus?! Ele estava muito enganado se achava que eu iria morrer sem antes falar umas boas verdades na cara dele.

— Escuta aqui Flynn Hockmaneu disse cada letra do nome dele com forte sotaque inglês enfatizando seu nome, cerrando os olhos — você com certeza é a pessoa mais estúpida que já conheci na vida, um brutamontes nojento e sem classe, e quer saber a verdade?! Quer mesmo saber?! — ele me olhava com as sobrancelhas arquedas com uma leve surpresa mas ainda com um ódio mortal nos olhos — eu não matei o Drake, ele caiu com a cabeça em cima de um prego! Até porque se eu tivesse mesmo a intenção de matar alguém, sem sombras de dúvida eu mataria você!

Mal percebi o sorriso vitorioso em meus lábios quase esquecendo que eu ia morrer. Todos ficaram em silêncio esperando pela resposta de Flynn, por alguns segundos pensei que ele não tinha uma resposta, pensei que eu havia calado a sua boca, mas ele sorriu, o maldito sorriso perfeito, em seguida ouvi uma gargalhada alta, ele estava achando graça mas eu não ligava.

— Olha só, a Hannah voltou, agora vamos logo com isso que eu não tenho a noite toda — embora suas palavras fossem frias como gelo eu via dentro de seus olhos que ele travava uma guerra interna.

MaelstronWhere stories live. Discover now