Capítulo 6

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Pensei algumas vezes antes de tomar aquela decisão, era uma péssima, péssima idéia! A mulher me odiava, mas eu não aguentava mais aquela roupa ridícula. Respirei fundo E bati na porta de madeira escura. Eu tremia, lógico, ela parecia uma mulher das cavernas e me odiava. Eu estava seriamente com medo dela arrancar a minha cabeça por fazer isso.

A porta se abriu, vi Nyelle me olhar de cima a baixo, seus olhos castanhos tomaram o ódio no mesmo instante. Isso não seria fácil, agora ela usava uma roupa mais ousada, com um decote e muita pele a mostra, em um calor daqueles... Ela não hesitou em fechar a porta, me enfiei na frente dela não permitindo concluir o movimento.

— Se não sair da frente eu arranco seu olho — sua voz era tão agressiva quanto seu olhar, não ia negar, ela me metia medo com o visual louco dela.

— Por favor, você é a única mulher aqui, precisa me ajudar — ela ergueu uma sobrancelha duvidosa, ainda segurando a porta.

— Eu não preciso ajudar ninguém — ela me olhou dos pés a cabeça com desdém, a raiva se intensificando.

Olhei pra camisa preta do capitão, aí meu deus será que ela também estava achando...? Eu precisava tirar aquilo.

— Não me olha assim, não aconteceu nada entre o Capitão e eu — tentei convence-la.

Ela soltou uma risada sem humor, um sorriso bonito, mesmo que sem vontade, por baixo daqueles piercings e maquiagem havia uma linda mulher.

— Eu não tô nem pro que você faz com o Flynn, só SAI DO MEU QUARTO! — ela gritou em alto e bom tom, me assustando um pouco.

Engoli em seco, aquela mulher poderia me matar até mesmo com um sapato de tão agressiva.

— Nyelle, da pra me dizer porque me odeia tanto? Eu não te fiz nada! — tentei, me espremendo entre a porta e entrando no quarto.

Ela se virou caminhando pro mais longe possível de mim, olhei o quarto, era mais arrumado que o de Flynn, mas ainda tinha um ar bem gótico, era uma das cabines do navio, que por sinal era enorme.

— O que você quer garota? Fala de uma vez — ela se voltou pra mim e me olhou furiosa.

Parecia incomodada comigo, escondia dor e rancor por baixo da carranca de raiva, tinha alguma coisa estranha com ela. E algo me dizia que tinha haver com o Flynn Bonitão.

— Eu não quero ficar usando aqueles vestidos pesados que o Flynn sempre deixa no quarto... — ela me olhou com olhos cerrados, cruzando os braços e inclinando a cabeça esperando que eu continuasse, fiquei nervosa sob os olhos cortantes dela — E... Eu queria saber se podia me emprestar algumas roupas, as suas são mais normais que vi por aqui, e mais confortáveis também.

Meu coração batia forte, ela parecia um a felina prestes a atacar, e eu era a presa. Engoli em seco novamente, ela me e encarava com os mesmos olhos cerrados, parecendo pensar, seus olhos me desconcertou, desviei o olhar dela, mechendo nas minhas mãos, nervosa. Deus me proteja dessa louca.

— Eu empresto — ela disse por fim, quebrando o silêncio, me aliviei por alguns segundos, pensei que seria mais difícil, olhei pra ela que agora tinha um sorriso presunçoso no rosto — mas eu quero um favor em troca.

Agradeci cedo de mais, senti um medo percorrer meu corpo, ela parecia muito segura de si. E nos seus olhos, pude ver nos olhos dela a vontade de me ferrar. Era bom de mais pra ser verdade.

— E o que seria esse favor? — arregalei os olhos com medo do que ela pediria.

Ela se aproximou de mim lentamente, me fazendo dar um passo pra trás, cada fibra do corpo dela queria ver meu sangue jorrando por entre as madeiras nojentas daquele navio podre. Aliás, aquele navio tava mais imundo que o Pérola Negra do Jack Sparrow.

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