Conto - O Policial - Parte 3

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Consegui os contratos com a marca de cosméticos francesa. Era o detalhe que faltava para provar ao Sr. Moretti que a revista é lucrativa. Porém tenho outra objetivo em mente, solicitar o oficialmente o cargo de diretora da publicação. Val não quer esse emprego, está muito bem nas Maldivas postando fotos com drinks e maiôs cheios de dourado.

- Em que restaurante será o jantar? – Disse Gina.

- Um francês, na avenida La Brea.

- Elegante. – Comentou. – Já escolheu o que irá vestir?

- Não tenho ideia. – Não tive tempo para pensar nisso.

- Algo sexy e que deixe o policial imaginando despi-la. – Ela riu. – Eu vi como ele olhou para você.

- Será que ele não é um daqueles caras com fetiche? – Gina lançou um olhar confuso. – Por mulheres negras como eu. Pele escura e um pouco cheinha.

Infelizmente já passei por isso, entre quatro paredes o sujeito me venerava, mas fora do quarto quando nós cruzávamos se fazia de cego.

- Eu entendo, sofro com o rótulo de latina quente.

- É nojento, somos pessoas e não objetos para satisfazer o fetiche de paspalhos. – Bebi um pouco do drink.

- O capitão não parece ser desse tipo, a convidou para um evento do trabalho e fez questão de cumprimentá-la publicamente. – Ela lembrou.

- Espero que esteja certa, eu gosto de conversar com ele.

- Conversar?

- É só o que temos feito. – Dei uma risadinha desanimada.

- Garota, vá a esse encontro vestida para mudar isso!

Nosso jantar será em alguns dias, marquei horário com minha cabeleireira e a manicure, talvez seja bom incluir depilação completa. Gina fala tanto que ando imaginando coisas.

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Minhas tranças ficaram impecáveis, as deixarei soltas e vou decorá-las com pequenos prendedores dourados. Escolhi um vestido preto transpassado, a amarração na cintura cria uma silhueta marcada. O decote está na medida nada muito exagerado e nem recatado demais. Apenas o suficiente para valorizar o que tenho. Sandálias douradas com tiras delicadas, fecho no tornozelo e salto fino. Brincos discretos, pulseira do mesmo conjunto e anel de ouro. Uma borrifada de perfume no pulso esquerdo, outra no direito e agora atrás das orelhas. Sem esquecer de um pouquinho por trás dos joelhos. A fragrância mistura jasmim árabe, tuberosa, fava tonka torrada e cacau. Uma combinação floral amadeirada que rende elogios e atrai olhares. Conferi a maquiagem, aproveitando para acertar a tonalidade do batom. Na bolsa pequena apenas o celular, carteira de motorista, o batom e um preservativo. Não pretendo usá-lo, porém jamais saio desprevenida.

Pontual, Ben aguarda na frente do prédio. Ele está lindo, terno escuro, camisa branca sem gravata e cabelo impecável. O homem sabe se vestir bem.

- Você está linda, Diana. – Ele se aproximou, me encontrando na metade do caminho.

- Obrigada, você também está bonito. – Meu tom suave.

Ele estendeu a mão para mim, apanhei sem fazer rodeios. É macia e o aperto seguro. Andamos em direção ao carro, com a mão livre Ben abriu a porta. Ele me ajudou a subir. Todo aquele cavalheirismo é agradável e bem-vindo, porém o policial ainda está sob período de avaliação.

No restaurante, aguardamos alguns minutos até a mesa estar preparada. Sábado à essa hora tudo fica lotado. Acenei para alguns conhecidos, Ben não demonstrou reação negativa ao ser visto comigo.

Coletânea Fardados - ContosWhere stories live. Discover now