Conto - O Bombeiro - Parte 4

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1

Comuniquei minha advogada sobre a cena feita por Barry. Quero que regras para o contato dele e de Peter sejam estabelecidas. Ele não pode usar o bem-estar do garoto para tentar me manipular.

Mamãe chegou cedo, enquanto ela prepara o jantar do neto, eu vasculho o guarda-roupa em busca de uma roupa adequada. Estou completamente sem ideias, não quero parecer arrumada demais e nem pouco produzida. Talvez jeans, sandálias e uma camiseta básica. Para completar brincos, um colar delicado e pulseira. Meu cabelo está ótimo, acho que aprendi a lidar com ele sozinha. Um perfume fresquinho, maquiagem leve e batom marcante.

Nossa! São quase seis horas.

- Mãe, está tudo bem, precisa de algo? – Tirei meu celular do carregador.

- Não, relaxa filha. – Ela se aproximou de mim, ajeitando meu cabelo. – Está linda!

- Obrigada, qualquer coisa me liga que volto correndo. – Ela assentiu. – Amor, obedeça a vovó e não faça bagunça.

- Aonde você vai? – Ele me olha intrigado.

- Sair um pouco, mas eu não demoro.

- Com o meu pai? – Deu um sorrisinho.

Estava acostumado a me ver saindo para jantar com o pai.

- Não. – A campainha tocou.

Minha mãe pegou Peter e o levou para dentro, não quero que saiba que vou sair com o vizinho. Não quero confundi-lo ainda mais, nem mesmo sei no que esse lance com o bombeiro irá resultar.

- Boa noite. – Falei ao abrir a porta.

Ryan veste jeans, camiseta preta e jaqueta de couro. Simples, mas muito bonito.

- Boa noite, está linda. – Disse ele.

- Obrigada. – Saí e fechei a porta.

2

Chegamos faltando poucos minutos para o jogo começar. Os ingressos deram direito a ótimos assentos.

- Eu costumava vir ao estádio com meu pai, era tão divertido. – Comentei.

- Meu pai e eu fazíamos o mesmo, bons anos. – Relembrou.

Os times estão entrando, a agitação da torcida é animadora. Chuva de papel picado, as líderes de torcida dançando o hit do momento, uma grande festa.

- Quando decidiu se tornar um bombeiro? – Questionei quando algazarra parou.

- Na adolescência, tivemos um chamado de incêndio no bairro. Quando vi aqueles homens e mulheres ajudando as vítimas, não tive dúvidas de que queria fazer o mesmo. – Os olhos dele brilham ao falar. Ryan realmente ama o que faz.

- Ouviu o chamado da vocação. – O jogo começou, meu time está com a bola.

- E você, quando se encantou pelos números? – Contei a ele que sou formada em contabilidade.

- Sempre fui boa com eles, então seguir a profissão pareceu o certo na época. – Ponto do adversário.

- Se pudesse ser outra coisa, o que escolheria? – Nossos ombros estão se tocando.

- Está é uma pergunta que eu gostaria de responder. No entanto, não posso, pelo menos não agora. – Preciso me reencontrar.

- Temos tempo. – Seu olhar é carinhoso.

- Sim! – Comemorei o ponto do meu time.

Ryan riu.

No intervalo fomos pegar pipocas, aguardávamos na fila quando uma mulher se aproximou.

Coletânea Fardados - ContosOnde histórias criam vida. Descubra agora