Conto - O Soldado - Parte 4

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SAM

Talvez eu tenha forçado a barra ao falar sobre o tal Bob, porém, é dolorido assistir a mulher que amo com outro.

Quando Lara decidiu me deixar, não deu grandes explicações. Certo dia ela retornou repentinamente da base na Alemanha, e chamou-me para conversar. Estava visivelmente agitada, eu a inqueri sobre os motivos, mas ela se recusou a ser sincera. Disse que precisava de um tempo longe de tudo, longe de mim. Obviamente pedi uma explicação razoável, ela não deu. No início pensei que fosse por outro homem, no entanto, essa não seria uma atitude de Lara. E ela jamais falou em divórcio, apenas que precisava se afastar. Algo de muito grave está acontecendo, e desta vez pretendo descobrir.

Tyler assumiu a fila, é bom que se familiarize em estar no comando, não pretendo permanecer nesse trabalho para sempre. Lutar outra guerra, está fora dos meus planos.

- Ei, deixe-me carrega-la. – Me aproximei de Lara.

Está carregando uma das crianças, a garotinha de nome Zuri. Ela e o outro garoto, Tunde, aparentemente são órfãos, o dr. Roy não teve muita certeza.

- Zuri, vá com o capitão. – Falou, a menina me olhou desconfiada. – Pode ir, ele é como um super-herói.

A menina cedeu, a peguei com cuidado, deve ter cerca de cinco anos. Quando estávamos juntos, Lara e eu sempre sonhamos com filhos. Planejamos dois ou três, somos filhos únicos.

- Leva jeito. – Ela comentou, ao perceber que Zuri repousou a cabeça em meu ombro.

- Você também. – Afirmei.

- Trabalho em uma emergência agitada, é preciso ter inúmeras habilidades. – Desviamos de um galho.

- Você gosta de trabalhar naquele hospital?

- Apesar das dificuldades e da falta de recursos, eu gosto. Sinto que minhas habilidades são essenciais por lá, que estou contribuindo de forma positiva.

- Sempre contribuiu de forma positiva, em todos os locais que passou. – Assegurei.

- Aqui é diferente, essas pessoas tem muito pouco.

- É o que parece, inclusive creio que fixar aquela base na região foi errado. Nossa presença só gera mais conflito.

- Cap. Miller, não permita que o comando o ouça. – Ela fitou-me, com um ar divertido.

- Talvez se eles dessem ouvidos a nós que chutamos as portas, muitas delas ainda estariam intactas.

- Eles são incapazes de ouvir, mesmo que verdade esteja diante de seus olhos. – Falou com uma certeza, que mexeu comigo.

O semblante tranquilo, se encheu de nuvens escuras. Algo aconteceu entre ela e eles na Alemanha, eu tenho certeza.

- Lara, nós precisamos conversar. – Falei.

Ela me olhou, um pouco preocupada, porém assentiu.

LARA

Foi um beijo simples, mas que abriu todas as caixas que estavam fechadas dentro mim. Só consigo pensar em repetir a dose e ter tudo outra vez.

Não posso negar, eu amo aquele homem com tudo que tenho, por isso me afastei. O que sentimos um pelo outro nos leva a cometer desatinos, e sei que ele pode cometer um se souber a verdade. Nossa união sempre foi baseada na sinceridade, fugi a regra, mas não por mais tempo. Estou certa de que a conversa que falou não tardará.

Chegamos ao nosso destino, é um hotel desativado. O prédio está em ótima forma, tem dois andares, é um tipo de hotel que certamente foi confortável. Grant e Pope, checaram para verificar se os alarmes estão ligados. Não encontrando nada, o Tyler arrombou a porta.

Coletânea Fardados - ContosWhere stories live. Discover now