Conto - O Bombeiro - Parte 1

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1

Segunda-feira, 6:30 da manhã. Hora de levantar e ir para cozinha preparar o café e a lancheira do meu filho. Finalmente as aulas voltaram, assim posso ter um pouco mais de tranquilidade para trabalhar. Depois da separação, tenho feito malabarismo para levá-lo a escola e chegar em tempo no trabalho.

- Mãe, eu não quero ir para escola. – Resmungou Peter.

Meu garoto tem 8 anos, lindos cabelos cacheados e bochechas que se parecem com muffins de chocolate.

- Conversamos sobre isso, as férias acabaram e todos os seus amigos estarão lá. – O servi com uma torrada.

- O papai vai me buscar? – Ele deu uma mordida e abandonou o prato.

- Eu não sei, mas a vovó irá. – Peguei um pouco mais de café.

- Eu quero que meu pai vá, ligue para ele. – Peter saltou para fora da mesa sem ao menos tocar no suco.

- Peter, por favor, não vamos começar. –

- Você não me deixa falar com ele. – Peter disparou pelo corredor. – Quero falar com meu pai!

Respirei fundo, reprimindo a vontade de gritar. O pai é ausente e a culpa é minha.

Apanhando meu celular e liguei.

- O que aconteceu? Por que está me ligando a essa hora? – Disse sonolento.

- O nosso filho, se esqueceu dele! Peter, quer que você vá apanhá-lo na escola.

- Tenho que trabalhar, não vivo de brisa. – Ele resmungou.

- A empresa é sua, Barry, pode tirar uma hora para o seu filho. – Senti uma crescente irritação. – Apenas vá buscá-lo, ele está magoado com sua ausência.

- Você escolheu assim, separar a família. – Falou ele.

- Barry, não vamos discutir isso. Nossos problemas não devem afetar o Peter, ele precisa de nós dois. – Alguém precisa ser o adulto por aqui.

- Está bem, deixe-me dizer a ele que vou buscá-lo e levar para comer algo.

O imbecil acha que está fazendo um favor.

2

Meu chefe está pior que os outros dias, só continuo nesse emprego pois tenho aluguel e contas para pagar. Barry quis continuar arcando com tudo, mas eu jamais aceitaria. O dinheiro dele é todo destinado as necessidades de Peter, minhas coisas eu posso lidar.

Tenho graduação em finanças, porém não exerci a profissão ao deixar a faculdade. Acabei me casando com Barry e deixando a carreira de lado, para que ele pudesse se estabilizar na dele. Um tempo depois veio nosso filho, não me arrependo, contudo talvez devesse ter tomado algumas decisões diferentes.

- Viola, esses cálculos estão errados. – Falou o meu chefe.

- Estão corretos Sr. Santos, eu verifiquei cada linha. – Ele mal sabe o básico de administração e quer discutir cálculos comigo.

- Não acho, mandarei o contador verificar. Vocês mulheres são muito estabanadas, certamente deixou algo passar.

- Como desejar. – Meu tom polido, ele gastará mais dinheiro só para obter a mesma resposta.

Caminhei para deixar a sala dele, assim que cheguei à porta dei de com o filho do Sr. Santos.

- Oi, Viola! Está linda, como sempre. – Disse o nojento.

Coletânea Fardados - ContosWhere stories live. Discover now