Friendship.

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Mansão da Máfia, 17:25.

Quando o assunto era amizade, eu não me considerava um grande especialista. Eu só havia tido Namjoon como amigo, e para mim era o suficiente. Nós éramos parecidos em alguns aspectos e diferentes em outros, e nas nossas diferenças sempre nos respeitávamos.

Mesmo considerando o garoto meu grande amigo, eu sabia que parte da nossa amizade se devia graças à junção da máfia.

Por outro lado, Taehyung também parecia possuir inclinações quanto a se tornar meu amigo. O que era uma pena, apesar de achar o garoto um tanto quanto peculiar, eu gostava da presença dele.

Mas nossa amizade nunca poderia ser sincera o suficiente. Então Taehyung estava se enfiando numa relação unilateral.

— Sua casa é incrível, por quê eu não sabia disso? — Tagarelou, enquanto passávamos pelo saguão com piso de mármore.

Taehyung estava comendo um pedaço de bolo, enquanto admirava a clarabóia que ornamentava a escada em espiral.

— Porque não somos tão próximos. — Constatei, como se fosse óbvio. — Aliás, como você conseguiu meu endereço?

Eu estava curioso, o que ele queria afinal?

— Ah é! Nós somos amigos agora, se lembra? Eu consegui seu endereço na secretaria do colégio, meu pai está tendo um caso com a diretora, então... — Ele disse mexendo a cabeça em concordância.

— Isso explica muita coisa. — Mordisquei o lábio inferior.

Taehyung assentiu, voltando a explorar a mansão com os olhos. Eu estava agradecido internamente, por não haver nenhuma reunião e pela suspensão dos treinos.

— Sua casa parece algo como nos filmes. — Ele disse. — Quem são esses? — Perguntou, apontando para a fotografia emoldurada rente à parede.

— Meu pai, meu tio e eu. — Falei, olhando para meus pés.

Sempre achara um exagero uma foto tão grande como aquela, na época, eu tinha apenas doze anos. Meu pai ainda parecia forte e autoritário, segurava meu ombro com uma das mãos a mesma que ostentava o anel de prata com uma pequena serpente. O mesmo anel que agora me pertencia.

Meu tio, por outro lado, parecia o mesmo de sempre. Estático, sem emoções, frio e calculista.

No fundo, acho que era um líder melhor para a máfia do que meu pai.

— Vocês são parecidos, os mesmos olhos e o mesmo queixo. — Taehyung disse, após analisar minuciosamente cada traço. — Meu pai e eu também somos parecidos, fisicamente. No entanto, herdei a personalidade da minha mãe.

— Eu não me lembro da minha mãe. — Deixei escapar, e quase me amaldiçoei por isso.

Por que eu continuava a dar lado para Taehyung?

— Aposto que você herdou a delicadeza dela. — O garoto disse, e por uma fração de segundos suas palavras me confortaram de alguma maneira.

Taehyung era ótimo em fazer as pessoas se sentirem acolhidas. E esse sentimento me incomodava.

Significava que eu estava vulnerável.

Boy Meets Evil • JKJMOnde histórias criam vida. Descubra agora