Don't trust in beatiful boys

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Coréia do Sul, Seul, 6:45 am.

Quando era pequeno as pessoas ao redor do bairro onde eu vivia sempre alertavam as crianças sobre "coisas ruins".

Isso não diz respeito à monstros ou bruxas, não. Isso queria dizer para ficarem longe das máfias e gangues. Eu particularmente, sempre achei uma bobagem. Quero dizer, você não entra em uma máfia apenas por querer. Precisa ser "recrutado", por alguém que tenha interesse em você. De qualquer forma, minha mãe estivera me preparando todo este tempo para uma vida assim.

Eu não sabia o que aquilo queria dizer na época, não entendia todas aquelas aulas de artes marciais e o manuseio de armas brancas — era quase incrível a habilidade que eu tinha com facas e lâminas.

O meu pai nos abandonou quando eu tinha apenas três anos, e por algum motivo, minha mãe sabia quando ele voltaria para me buscar, mesmo que eu não quisesse. Eu deixei-a no Japão aos onze anos e me mudei para Coréia do Sul, confuso e assustado por seguir um homem que eu mal conhecia. Mas compreendi porquê era forçado à me preparar para a luta diária depois de um ano.

Eu fazia parte daquela máfia, talvez até fosse um dos herdeiros quando o idiota do meu tio Salin morresse. O meu pai morreu três anos depois de me recrutar, em um acidente de carro procurando por cargas preciosas do governo. Talvez agora eu tivesse a mesma sorte, e só assim escaparia dos caprichos do meu tio.

Eu nunca havia lidado com armas de fogo antes, tampouco sabia sobre os ferimentos que poderia causar, além do que havia visto em filmes. O que era muito pouco.

De qualquer maneira, a bala ainda estava dentro de mim, alojada entre meu ombro e o pescoço. O doutor da família disse que havia sido um milagre, mas eu nunca acreditei neles.

A bala deixara uma cicatriz saltada e era possível ver sua forma se eu retraísse um pouco o braço, por sorte toda camiseta que eu usasse cobriria aquilo.

Já era bastante ruim ser o anti-social do colégio, ninguém precisava ver a cicatriz de uma bala em um garoto de apenas dezesseis anos.

Recebi alta do doutor duas semanas depois daquele "incidente." Meu tio – que era responsável pela minha guarda – não havia ficado nenhum pouco feliz em saber que eu perderia duas semanas de aula. Mas para mim fora um alívio.

Sorri para o espelho mais uma vez antes de abotoar a camisa azul escura, sem marcas para exibir hoje. Prendi os botões do pulso também, para não mostrar a tatuagem preta e branca no antebraço. Ajeitei meu cabelo para o lado como sempre fazia e estava pronto para voltar às aulas. Bom, mais ou menos.

Peguei minha mochila e saí do quarto descendo as escadas da grande mansão Park. Por sorte a casa estava vazia, apenas a presença de alguns serviçais.

Não precisava encontrar meu tio logo pela manhã, o que era um alívio.
Ignorei o café da manhã servido na enorme mesa da sala de jantar e fui direito para os portões de ferro da casa, esperar por Namjoon.

Odiava depender de carona para sair de casa, mas era isso que aconteceria até conseguir um novo carro.

Era incrível a habilidade que Namjoon tinha para se atrasar para qualquer compromisso.

Quando chegou com o carro azul escuro de seu pai, uma enorme carranca de sono e o uniforme amarrotado compunham sua postura. Ainda assim parecia bonito.

— Bom dia bela adormecida. — Disse abrindo a porta do carro.

Minha voz soando extremamente rouca e diferente aos próprios ouvidos.

Namjoon franziu o cenho me encarando.

— Como uma garoto fofo pode ter essa voz de um homem de sessenta anos que perdeu a guerra?

Boy Meets Evil • JKJMWhere stories live. Discover now