Coreia do Sul, Seul 11:56.
Eu sabia tudo sobre punições e torturas. Aprendi sobre isso desde os cinco anos de idade e tinha uma alta tolerância à dor.
Poucas coisas conseguiam me machucar.Mas aquela eu especial, eu desconhecia. Não era dor, e não chegava a ser torturante apesar de receber o nome de punição.
— Duas semanas na detenção depois das aulas. Senhor Jeon e senhor Park, espero que aprendam algo útil um com o outro. — A diretora do colégio disse.
Eu já havia entrado naquele lugar apenas uma vez, e fora a mais ou menos dois anos atrás, quando meu tio precisou me matricular em um colégio que fosse mais privado. A diretora Young sabia quem eu era, e obviamente conhecia minha "família" adotiva, mas eu não a amedrontava. A sala tinha um excesso da cor marrom e as paredes eram mogno, havia muito couro nos móveis e livros que ela provavelmente nunca tinha lido, presos à estante na parede.
— Eu não tenho tempo para isso. — Jungkook disse com desdém. — Meu pai precisa da minha ajuda no gabinete.
Franzi o cenho, ele era um péssimo mentiroso.
— Tenho certeza de que seu pai irá entender. Se eu não ver seus nomes na lista de presença por duas semanas, ganharão mais duas. — Ela disse seriamente, fazendo-me grunhir. — Saiam!
Levantei em silêncio e saí da sala. Os passos de Jungkook batiam fortes contra o piso, provavelmente tentando parecer mais feroz, coisa que ele não era.
Pelo menos, não para mim.
Aquele garoto tinha sorte por receber minha clemência.
— E aí! — Namjoon sorriu, levantando-se do banco de concreto que estava posto no corredor.
Sorri amarelo para ele e passei reto, sabendo que sua preocupação não era para mim, e sim para seu amigo.
Caminhei diretamente para o carro dele do outro lado do estacionamento e encostei-me à lataria observando enquanto ele conversava com Jungkook.
Demorou alguns minutos até que ambos começassem a caminhar na minha direção.
— Vamos embora. — Namjoon disse abrindo a porta do motorista.
Assenti ignorando Jungkook, e puxei a maçaneta da porta do passageiro.
— Licença. — O garoto puxou meu braço para trás e passou por mim, deslizando para dentro.
Olhei para ele incrédulo, sentindo o ódio ferver dentro de mim.
— Obrigado. — Ele sorriu falsamente e acenou, subindo o vidro.
Eu poderia quebrar o vidro facilmente e acertar o rosto dele mais uma vez, talvez deixasse mais do que um hematoma arroxeado na bochecha.
Respirei fundo, recobrando os sentidos e abri a porta traseira.
Sentei-me em silêncio e encarei Namjoon pelo retrovisor.
Este fingiu não perceber meu olhar e deu a partida.
— Sabe, eu nunca apanhei antes. — Jungkook começou, sua voz era tranquila e levemente rouca. — Não entendo os rapazes que gostam disso. No sexo, quem sabe...
Trinquei o maxilar e encarei as ruas do lado de fora, fingindo que não estavam falando comigo.
— Você não aguentaria apanhar dele por muito mais tempo. O soco foi fraco. — Namjoon riu para Jungkook, tentando aliviar a tensão.
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