I don't even know you.

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Eu sou Park Jimin, tenho 16 anos. Nasci na Coreia do Sul, mas me mudei para o Japão com 2 anos de idade. Eu sou um mafioso. Estou na linha de sucessão para ser o líder da máfia, caso meu tio venha a falecer. Meu pai já morreu. Minha mãe vive no Japão, eu não sei onde ela está. Mas eu amo muito a minha mãe. A serpente significa vida nova.

Eu sou Park Jimin, tenho 16 anos. Nasci na Coreia do Sul...

Todo mafioso aprende um bordão ainda criança. É como se fosse um lembrete mental, para o caso de você ser sequestrado ou torturado. Para não se esquecer de quem você é.

Eu estava repetindo o meu, ou pensava que estava.

A primeira vez em que estive em contato com alguma atividade da máfia foi aos onze anos. Meu treinamento havia sido concluído e eu me sentia capaz de fazer qualquer coisa.

Não era uma grande missão naquela época, só estávamos planejando um roubo de combustível numa das rodovias de Seul.

Eu me lembro de sair pela janela do carro e me equilibrar até o truck do caminhão, colocando o guincho de metal para dar estabilidade. Então, quando havia conseguido, um dos outros irmãos golpeou o motorista da enorme carreta, não para matá-lo, mas para deixá-lo inconsciente.

A sensação de adrenalina me atormentou tanto que eu passei um dia sem dormir, só pensando naquilo. A maioria das pessoas poderiam achar errado, mas eu havia sido criado para ver toda a situação como algo simples demais.

E acho que havia funcionado.

Porque hoje parece ser algo tão banal.

A questão é que eu já passei por diversas situações, e o medo nunca esteve perto o suficiente para me fazer desistir, ou repetir o meu mantra diversas vezes. Eu nunca senti como se pudesse perder alguma coisa.

Mas parecia diferente dessa vez.

Trezentos e quarenta e sete vezes. Essa era minha contagem. Eu sou Park Jimin, tenho 16 anos.

Antes que pudesse pensar mais uma vez, meu corpo pareceu reagir e eu abri os olhos assustado. As luzes brancas me cegaram por alguns instantes, até que eu me acostumasse.

Estou morto? Ou fui sequestrado pela Organização?

A primeira opção era sempre a mais agradável.

Então, percebi. Não estava morto, para minha tristeza, só estava numa cama de hospital.

Meu corpo parecia pesar toneladas e eu não conseguia me mover. Aos poucos fui tomado pelo desespero, até raciocinar que ainda podia usar minha voz.

E foi a pior coisa que eu poderia ter pensado.

Quando abri a boca, foi como se todo o meu rosto estivesse sendo rasgado em carne viva. Todo o lado esquerdo do meu rosto pareceu latejar e queimar e eu tinha certeza de que estava gritando, porque em segundos a porta fora aberta e dois vultos escuros passaram por ela, mas não havia nenhum som.

Era como se milhares de abelhas picassem todo o meu rosto e meu pescoço. As bordas dos meus olhos ardiam e aos poucos minha visão foi ficando turva.

Não! Eu tentei gritar, e parecia que doía ainda mais.

Então percebi, e fiquei ainda mais aterrorizado.

Eu estou surdo.

[...]

Mansão da Máfia, 7:43am.

— Ele vai ficar bem? — A voz feminina disse, um pouco abafada.

Boy Meets Evil • JKJMWhere stories live. Discover now