Tailoring and diplomacy

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Coreia do Sul, Seul — 10:35 am.

A primeira coisa que eu aprendi a fazer depois que atingi um estado maior de consciência sobre meu corpo e sobre quem eu era, foi pilotar.

Na época, minha mãe tinha um Mustang Shelby GT500. No Japão, é mais comum ver carros modificados do que na Coréia do Sul.

Ela me ensinou a trocar as marchas no tempo certo, a controlar a embreagem e a aceleração. Mas eu só fui aprender drifting quando me mudei para a Coréia do Sul. E era infinitamente mais divertido do que só dirigir por aí.

Aqui, as pessoas fazem pela adrenalina, pelo esporte e pela competição. No Japão, as pessoas fazem porquê podem. Porquê se sentem sob controle, e porquê você é respeitado se sabe fazer drifting.

Mas a coisa mais valiosa que minha mãe me ensinou sobre pilotar, é que não importa qual seja o motor, um bom piloto sempre estará à altura.

— Terminei. — Jennie estava com a cabeça enfiada no motor do Dodge Charger.

O mesmo que eu havia sofrido um acidente dois meses atrás. Os fios dos computadores estavam espalhados ao redor do carro, alguns conectados ao motor.

Jennie e Changkyun tinham uma oficina pequena na garagem da casa da família. Era decorada com luzes de led roxo, e muitas ferramentas.

A garota afastou-se do carro, me chamando para dar uma olhada.

— Eu mantive os cilindros do V8 original e a alimentação agora será feita por injeção eletrônica. O Chang deu um jeito na funilaria pra você. — Ela disse desconectando os fios do motor. — Também tive a liberdade de trocar o seu kit de nitro, já que o antigo estava acabando com o torque do seu carro.

O Dodge Charger estava praticamente intacto, mal parecia ter sofrido um acidente.

— Vocês fizeram um ótimo trabalho. — Sorri para ela, animado.

— Que isso. — Jennie se encolheu, não sabendo reagir ao elogio. — Espero te ver nas corridas novamente.

Ela tocou em meu ombro.

Jennie seria de grande importância para a Máfia, mas novamente, eu entendia seus motivos para não ser iniciada. Ela e o irmão haviam sido criados por pais modestos, que levavam uma vida honesta, ainda que fossem pobres.

— Com certeza. — Sorri para ela, antes de fechar o capô preto brilhante. — Me manda a conta, alguém da máfia fará o depósito.

Jennie bateu o capô, puxando os fios do chão para longe.

— Ah, essa é a sua vida! — Ela sorriu jogando a cabeça para trás. — Não precisa se preocupar com as contas e nem com a falta de dinheiro.

— Uma das poucas, senão a única vantagem de ser um mafioso. — Dei de ombros, lançando um olhar cheio de significados para ela.

Jennie sorriu, não estendendo o assunto.

— Obrigada Ji. Você nos ajuda muito! — Ela disse, abaixando o olhar.

Entrei no carro, virando a chave enquanto o motor levantava o ronco forte e alto, tão familiar aos meus ouvidos.

— Eu que agradeço. — Então fui embora.

[...]

O Dodge Charger havia sido um presente do meu pai, um pouco antes dele morrer. Havia pertencido a ele antes, mas não fazia seu estilo. Então ele passou para mim. Eu reformei toda a lataria e depois o motor.

Havia deixado o carro com a minha própria personalidade.

Na Máfia, geralmente, há carros padronizados, discretos mas tunados. São bons carros, mas um bom piloto deve ter sua própria máquina.

Boy Meets Evil • JKJMWhere stories live. Discover now