Boy Meets Evil • JKJM

Natural Selection

Coreia do Sul. Seul, 5:43 — 4 dias após a reunião.

Quando você se muda para um país completamente novo — mesmo que seja seu nativo — e não tem nenhum conhecimento sobre os costumes, culturas e idioma, é preciso se adaptar o mais rápido possível.

Eu me lembro de descer do jato velho e barulhento em Seul pela primeira vez desde os meus primeiros dias de vida. O ar parecia mais limpo e leve, completamente diferente do ar do Japão.

Na minha cabeça — de onze anos de idade —, eu decidi que gostaria mais da Coreia do Sul do que do Japão. E isto era uma forma de me convencer de que tudo ficaria bem.

Rapidamente eu ganhei uma casa enorme, um quarto enfeitado e um passe-livre para "matar".

Não que eu tivesse muitas opções.

A questão é que o ser humano pode se adaptar facilmente à diversos ambientes e situações.
Mesmo que contra a minha vontade, eu estava incluído nisso tudo. Me adaptei ao colégio, às regras da máfia, e até aos caprichos do meu tio. Como agora.

Por mais que eu odeie admitir, Salin me conhece melhor do que qualquer outra pessoa. Mas eu preciso levar em consideração — e creditar a ele — todo seu estudo sobre comportamento e psicologia humana. De vez em quando, eu era obrigado a estudar tanto quanto ele, mas raramente o assunto me prendia. Isto é uma prova de que nunca serei inteligente como ele.

Seus estudos o levaram a me analisar constantemente e eu precisava ser cauteloso em demonstrar minhas emoções perto dele. À esta altura, ele já havia desvendado minha sexualidade e a preferência por rapazes.

Para ele fora extremamente simples mover mais um peão para perto de mim, no tabuleiro confuso que havia criado .

A primeira vez em que um garoto havia chamado minha atenção fora aos quatorze anos. Obviamente ele era mais velho e eu, só um garoto desengonçado e puto com a vida.

Seu nome era Lee Taemin.

A família Lee não vivia na capital, eles tinham sua própria produção de metanfetamina em Busan e consequentemente passavam mais tempo em casa. Eram irmãos de família, e tinham toda a aura hereditária de cargos altos.

Eu me lembro bem da primeira vez em que vi o único filho do casal, ele parecia infinitamente mais alto que eu. Era forte, confiante e muito bonito. Mas eu não senti inveja, apenas desejo...

Devia ter sido mais cuidadoso na época, pois meu tio estava ao meu lado.

Eu sempre fui péssimo em esconder meu jogo.

Automaticamente, eu deixei de ser um jogador e passei a ser mais uma peça esquecida do xadrez. Agora, no entanto, meu tio decidiu que seria bom mover-me e era exatamente isso o que estava acontecendo. Embora Lee Taemin não soubesse que estávamos travando uma batalha silenciosa. Eu só espero que ele não me deixe ser pego.

— Segure isto. — Taemin disse enquanto entregava-me uma grande câmera preta.

Apenas quatro dias haviam se passado desde aquela reunião sanguinária no salão principal da mansão. E nesses últimos dias, Taemin e eu gastamos nosso tempo perseguindo vereadores e senadores que poderiam ser os próximos alvos de quem quer que seja.

O cadillac champanhe havia sido substituído por uma SUV preta com vidros fumês, discreto o suficiente para não chamar a atenção dos moradores ou de terceiros.

O complexo de prédios grandes parecia reluzir sob o sol que começava a nascer, destacando as cores pastéis e os vidros polidos.