Suicide Pills

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A primeira coisa que aprendi sobre ser um "mafioso" foi que eu sempre deveria proteger os que estavam comigo. Os irmãos, neste caso.
Mas se um irmão te trair, então ele deve ser morto pelas suas próprias mãos.

O garoto que havia sido interrogado não estava morto, só mantido preso pela máfia, como um refém caso as pessoas que estivessem com ele o quisessem de volta, mas eu não acho que isso iria acontecer. E talvez o garoto também soubesse.

Ele não havia sido muito útil, só havia nos insultado e me ameaçado. Não sabíamos o seu nome, não sabíamos nada sobre a causa pela qual ele lutava, a não ser o fato de que nos odiavam.

E era o suficiente para mim.

Meu tio, por outro lado, estava determinado a encontrar qualquer pessoa que tivesse algo a ver com isso. Estava até perdendo o sono.

Eu podia ver pelas bolsas de olheiras, parecia cansado e mais feroz que o comum.

Namjoon também estava assim, feroz, eu digo. Hoseok havia dito cada palavra que nosso refém havia proferido contra mim, e aquilo mexera com o meu melhor amigo.

— Podemos torturá-lo até abrir a boca. — Ele disse, mas eu sabia que não era o que queria fazer.

Namjoon odiava torturas.

— Meu tio já deve ter feito isso. — Cruzei os braços, cansado.

O tempo em Seul se preparava para uma tempestade. O vento assoviava sobre nós, bagunçando nossos cabelos.

— Esqueça, Namjoon. — Disse depois de um tempo, chamando a atenção do mais alto.

Ele estava sentado sobre o parapeito, usava calças de moletom e uma camiseta grande e larga. O cabelo parecia maior e ele parecia mais velho sob a noite.

— Quem são eles? — Ele perguntou, mais pra si mesmo.

Suspirei brincando com os anéis em meus dedos. Eu não estava verdadeiramente assustado, só curioso e um pouco admirado pela coragem do garoto.

— Quem se importa?

Namjoon me encarou como se eu estivesse louco. Seus dedos tocaram meus ombros, tateando a pele coberta pelo suéter fino. A bala.

— Que tal isso? Você sempre leva tudo na brincadeira. — Ele se zangou, pressionando os dedos.

— Você quer descobrir? Vamos fazer isso. — Empurrei suas mãos para longe, dando meia volta pra descer do telhado.

Namjoon veio logo atrás, batendo a porta de ferro.

A mansão estava silenciosa àquela hora. Meu tio deveria estar dormindo, assim como os outros que trabalhavam e visitavam a casa.

Apertei as chaves no bolso da calça para me certificar de que estavam ali.

— O que está fazendo? — Namjoon sussurrou.

Ele andava devagar, cauteloso. Mas seus passos ainda faziam barulho sobre o piso de mármore. Namjoon tinha diversos talentos, mas ele jamais poderia ser um espião. Seu corpo era pesado, assim como seus passos.

— Fique quieto. — O repreendi, abrindo a portinhola que levava até a sala de interrogatório.

Atrás da saleta havia um quarto, grande o bastante para mais de três reféns. Com camas finas, paredes de metal fino e vidro e um banheiro. A sombra do garoto se sobrepunha sobre uma das camas. Magro e alto.

— Quem está aí? — Ele disse, tentando enxergar além das luzes apagadas.

A energia trepidou e a claridade nos revelou quando toquei os interruptores.

Boy Meets Evil • JKJMOnde histórias criam vida. Descubra agora