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PEPPER

Nova York havia amanhecido fria. Parecia ter sentido o quanto o clima estava pesado.

Antony não queria prolongar o tempo que o corpo de seus pais no hospital, então, dois dias depois da tragédia, o enterro já estava acontecendo.

Não tinha muitas pessoas. Alguns amigos de Maria, outros de Howard e é claro, nosso grupo de amigos que tinham um amor enorme pelos falecidos.

Antony se mantinha no canto, apenas obversando o movimento perto dos dois caixões. De vez em quando eu chegava minimamente perto, apenas para ter certeza que ele não iria desmaiar de tanto chorar.

"Acha que ele vai ficar por aqui?" Olhei para Nat e suspirei.

"É exatamente agora que ele não fica. Não tem por que." Dei de ombros e a ruiva bufou.

"E a empresa? Vai ficar na mão de quem?" Ela perguntou e eu a olhei e - tentei - sorri fraco.

"Eu. Tive acesso ao testamento de Howard e tanto meu nome, tanto o nome de Antony está lá. Bem escrito." Natasha tinha a boca semi-aberta, chocada.

"Você? Uau."

"É. Eu sei." Esfreguei as mãos, tentando me aquecer. "Só espero que ele colabore. Antony não sabe lidar com situações como essa." Nós o encaramos.

Ele claramente tentava segurar o choro. Agora Steve e Thor chegavam por perto, e Thor - com todo seu tamanho - abraçou o amigo, que prontamente retribuiu. Steve abraçou Thor e então eles ficaram daquela forma.

"Ele devia ficar. Se as coisas já iriam desandar tendo nós aqui, imagina estando sozinho em Londres." Natasha disse.

MAIS TARDE

Antony não quis que tivesse almoço pós enterro nem nada. Cada um seguiu para suas próprias casas depois que os túmulos foram fechados.

"Você quer que a gente fique?" Peggy perguntou e eu notei que nossos amigos atrás de mim.

"Não. Podem ir, eu espero ele." Falei e nós olhamos para Antony.

Ele estava em pé parado em frente ao túmulo de Maria e Howard. Suas mãos estavam dentro do bolso de seu sobretudo, e ele tinha jogado algumas flores sob as duas lápides.

Parecia uma cena triste de filme. A neblina estava forte e o clima frio. Todos tristes.

"Estou tão arrasada." Peggy falou baixo e eu assenti.

"Todos estamos. Mas para ele deve estar sendo como se uma parte dele tivesse ido embora junto." Steve falou.

Senti lágrimas voltarem a descer pelo meu rosto. Carol me abraçou de lado, e então nós sete ficamos ali. Apenas observando nosso amigo, compartilhando a dor.

°°°

TONY

DUAS SEMANAS DEPOIS.

Meu coração doía. Eu sentia como se uma parte de mim havia sido arrancada a força.

Tudo que eu vinha fazendo na última semana, era chorar. Chorar pelo corpo desacordado de minha mãe, que vi.

"Tony?" Olhei para cima e vi Pepper.

Ah, Pepper. Talvez eu não tivesse pior por causa dela.

Mesmo estando tão mal quanto eu, ela ainda me acompanhava em reuniões com advogados, e me representava na empresa. Tudo em silêncio. Apenas fazia.

A encarei e ela caminhou até mim, deixando algumas pastas na mesa que costumava ser do meu pai.

Ela me olhou, tentando me ler.

"Você bebeu?" Ela perguntou e deu a volta, chegando perto de mim. "Antony? Você anda bebendo?"

Ela segurou meu rosto, e parecia querer penetrar seu olhar no meu.

Afastei seu toque de mim e suspirei fundo.

Eu havia bebido. Muito. Nada que fizesse eu esquecer que meus pais estavam mortos.

"Você não vai se afundar na bebida, Antony. Não de novo." Ela cruzou os braços. "Você não pode agir como se fosse o único que está sofrendo. Eu estou tentando te ajudar. Estou te representado em um bilhão de reuniões, estou pegando todo o seu trabalho nas últimas semanas. E é assim que me retribui?"

A olhei irritado.

Ela não sabia do que falava.

Não ousei abrir a boca. Ela veria o quão fora de mim eu estava e as coisas apenas iriam piorar.

"Eu quero muito. Muito mesmo te ajudar, Tony. Mas se você não quiser ser ajudado não irei conseguir fazer nada." Ela falou e eu desviei o olhar.

Ficamos em silêncio por alguns segundos. A loira permanecia parada do meu lado, e eu, jogado na cadeira de Howard.

"Preciso saber se vai voltar para Londres. Precisam de você lá." Ela disse, voltando com sua voz robótica de trabalho.

A olhei.

Virgínia bufou e deu a volta novamente, pegando suas pastas.

"Não tenho bola de cristal, Edward." Ela disse.

"Estou me decidindo." Falei baixo.

"Se decida rápido. As coisas não podem parar e eu não vou dar conta de tudo." Assenti.

E então ela saiu.

Esperava não perder a única pessoa que havia me restado.

same old love | pepperony Onde histórias criam vida. Descubra agora