11 - Adaptações

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No dia da consulta com a doutora Daniela, quando confirmariam a gravidez, elas fizeram tudo do mesmo jeito que da última vez. Ouviram as mesmas músicas, tomaram café da manhã na mesma padaria, compartilharam os mesmos olhares. Mas o resultado foi diferente. Foi positivo, foi o que elas queriam, foi o que as deixou felizes. As lágrimas foram de alegria e os abraços de felicitações.

Foi ideia de Bianca, fazer tudo exatamente da mesma forma. Assim, não deixariam que uma memória ruim estragasse as coisas que elas gostavam. As letras das músicas não perderiam o significado e nem trariam um gosto amargo quando as escutassem no futuro. No final das contas, a primeira tentativa era só uma memória desagradável, mas que simplesmente foi integrada ao processo.

B: Pra quê essa mala, amor? - Se aproximou devagar e beijou sua bochecha. Estava tendo dificuldades de ficar longe dela.

R: Eu vou com você. - Avisou, ainda concentrada nas roupas que estavam em cima da cama.

B: Comigo? - Sentou no colchão, sem conseguir tirar os olhos da esposa. - Desde quando?

R: Desde que eu não tenho nenhum compromisso inadiável por esses dias. - Segurou o rosto da carioca entre as mãos para deixar um selinho em seus lábios. - E eu não quero ficar longe de você.

B: Rafa... - Pegou a mão esquerda dela para deixar um beijo carinhoso na palma. - Eu também não quero ficar longe de você, amor. Mas você não acha perigoso?

R: Perigoso, Bi? - Uniu as sobrancelhas, tentando entendê-la. - Perigoso por que?

B: Não sei? - Transferiu suas mãos para o quadril da esposa, que estava em pé em sua frente. A puxou para perto e encostou a boca no ventre da mineira. - É uma viagem longa, a gente vai estar em outro país... Sei lá.

R: Você não quer que eu vá? - Sua voz não tinha chateação ou mágoa, apenas estava tentando entender,

B: Não. Não é isso. Juro. - Apertou mais o quadril dela.

R: Você tá com medo? - Alisou os cabelos pretos e longos.

B: Acho que sim. - Suspirou, virando a cabeça para cima para poder encará-la.

R: Eu acabei de falar com a médica, amor. Os exames estão ótimos, ela passou algumas vitaminas, mas liberou a viagem. - Sorriu para a esposa e acariciou seu rosto com as costas da mão. - Não precisa se preocupar.

B: Eu sei... Mas é que comecinho de gravidez, eu acho tão delicado. - Seu coração ficava apertado com tanta insegurança que ela estava sentindo.

R: Eu falei com a médica, Bi... Eu não ia fazer isso sem me certificar antes.

B: Olha, Rafinha... Eu vou tentar me controlar, mas você vai ter que me aguentar. - Deu vários beijos salpicados na barriga dela, que acabou gargalhando. - Você vai ser a mulher mais mimada do mundo, mas vai ser a mais cuidada também.

Rafaella sabia que aquele comportamento protetor vinha de todo o amor que Bianca sentia por ela, que estava intensificado por causa do bebê que abrigava em seu ventre. E aquilo só fazia amá-la mais ainda. Era um padrão que continuava se repetindo. Um tempo atrás, se perguntou se seria possível aquele sentimento continuar crescendo e a vida estava mostrando que sim, ainda era.

R: Eu faço esse sacrifício. - Sorriu, seus olhos pequenininhos brilhando.

Viajar nunca era uma coisa que elas conseguiam fazer sem serem notadas. Então, como era de se esperar, pararam para algumas fotos e responderam algumas perguntas de fãs que as abordaram no aeroporto. Não se incomodavam, na verdade elas gostavam daquele contato, de receber palavras carinhosas e abraços cheios de amor.

DevagarinhoWhere stories live. Discover now