15 - Amora, feminino de amor

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AMORA

A noite mal tinha começado e já estava uma loucura. Para ser sincera, mal tive tempo com Roger, antes de Mariah, sua ex, chegar e simplesmente agir como uma mulher das cavernas.

Para minha sorte, encontrei uma chave embaixo do tapete em frente à porta do apartamento de Henrique. Entrei, deitei em sua cama e aguardei sua chegada.

Só depois de um tempo percebi que estava quase nua, mas não me importava. Aquela tinha sido a primeira vez que alguém me agredia. O ato foi tão pavoroso e surreal, que não conseguia conter as lágrimas. Foi uma péssima sensação.

Senti um grande alivio com sua chegada. Fomos até meu apartamento, onde os dois ainda brigavam, e ameaçamos chamar a polícia. Roger encarou seu patrão assustando, sem entender da onde tinha saído. Já Mariah, recolheu suas garras e veneno, pediu desculpas e foi embora.

O garoto ainda tentou se explicar, comentando sobre possíveis transtornos psicológicos que a ex tinha, mas não me importei. Toda história tem dois lados e, convenhamos, quem sou eu para julgar as atitudes de alguém? Porra, dormi no dia anterior com um dos melhores amigos do meu pai. Moral nenhuma.

De qualquer forma, após perceber que toda conversa foi em vão, Roger se desculpou mais quatro vezes e foi embora, completamente envergonhado. Assim que fechou a porta, sento ao lado de Henrique no sofá e caímos na gargalhada, juntos. A situação foi tão absurda que sequer parecia real.

A sala estava um pouco menos desarrumada que no dia anterior, e Henrique percebeu ao encontrar mais espaço no sofá. Não era necessário sentarmos colados devido a falta de caixas de papelão.

— É, Amora...  —  solta uma gargalhada gostosa de se ouvir — quem diria! A senhorita apanhando da fiel! — debocha.

— Para com isso! —  dou um leve tapa em seu ombro.

— Só achei a situação cômica. Jamais imaginei que você seria amante de alguém — ri novamente.

— Cala boca! — reviro os olhos, sorrio e me levanto.

— Vai aonde? —  me encara de cima a baixo. Era nítido que Henrique se agradava com a visão de uma mulher como eu vestida com seu blusão do Guns N' Roses.

— Pegar o vinho. Está a fim de ver um filme? — pergunto, apoiada na entrada da cozinha.

— Só filme? — pergunta, malicioso.

— Henrique, olha para minha cara! — aponto para os hematomas — acha mesmo que tenho condições de te provocar hoje?

— Já que é assim, — solta uma gargalhada — eu topo.

Perdemos a noção do tempo enquanto bebíamos vinho, víamos filmes e falávamos sobre a vida. Henrique era um homem interessante e com uma história bem peculiar por trás daquela máscara de "bad boy".

Nunca imaginaria que uma pessoa tão interessante teria sido abandonada depois de quatro anos de relacionamento. Para ser sincera, jamais cogitaria a hipótese de Henrique já tivesse sido casado em algum momento.

Sim, eu acredito no amor e sei que ele também. Dá para sentir em sua energia. Uma pena que tenha sido tão magoado a ponto de desistir de conhecer alguém interessante em algum momento da vida. Sinto muito por ter chegado nesse ponto por conta de uma decepção. Torço para que reflita e mude de ideia em algum momento.

Por mais que fosse difícil aceitar e admitir, a noite em que passamos nos conhecendo mudou totalmente minha visão sobre ele. O homem que tanto julguei por ser "mau caminho" para meu pai, talvez fosse o exemplo que ele deveria seguir.

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