40 - Amora, eu posso te explicar

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AMORA

Eu estava completamente transtornada, mas é o mínimo, certo? Não conseguia acreditar que Henrique havia sido capaz de mentir daquela forma. O que ele queria com isso? Me levar à cama? Porra! No estado de ódio em que eu estava, nem precisaria disso. Eu apenas queria foder com qualquer um que passasse na minha frente por conta da raiva que sentia de Elioth. O foda é que, querendo ou não, assumi os sentimentos que tanto estava negando, e esse foi um caminho sem volta. Por mais que não quisesse admitir, 'o gigante acordou', e seria quase impossível voltar atrás.

Me sentia traída. Traída pelas palavras de Elioth, que, mesmo depois de tanto tempo ao meu lado, duvidava de minha índole. Traída por Henrique, que afirmou com todas as letras possíveis que não estava com a mascotinha, quando na verdade estava, e apenas queria me levar à cama. A fúria tomava conta de cada parte de meu corpo. Eu estava mais do que cansada de passar por esse tipo de merda.

Para melhorar, ainda tinha que lidar com a porra da hipocrisia do meu pai. O cara transa com qualquer coisa que tenha buraco e cisma de controlar com quem me relaciono? Porra, chega. Não darei mais espaço para esse tipo de coisa. Sei que peguei pesado, mas não tem mais como voltar atrás em minhas palavras. E, para ser sincera, nem queria. Ele precisava desse choque.

Henrique me encarava com os olhos arregalados. Era nítido que estava transtornado, mas agora era tarde. A merda tinha sido feita, e ele foi pego com a 'boca na botija'

— Amora, pelo amor de Deus, eu posso te explicar.

— Explicar o que? Sua bunda branca em cima da mascotinha no meio da sala do apartamento? — sorrio amargamente — Essa eu quero ver.

— Nós não estamos juntos... Só estávamos bêbados e tristes..., e deu no que deu.

— Essa é a melhor desculpa que você consegue arrumar? — arqueio a sobrancelha e aperto o botão que retoma o movimento do elevador.

Henrique bufa e, pelo que pude perceber, acabou perdendo a paciência, pois deu um tapa com força no botão que eu tinha apertado.

— Porra Amora, o que você está pensando, em? Eu e Dani não estamos juntos, mas e se estivéssemos? A porra do tempo não para. Eu errei pra caralho, mas você também não é santa nessa história!

Eu até tento abrir a boca para responder, mas ele me interrompe, sem ao menos me dar uma chance de expor minha perspectiva da situação.

— Não, por favor, não fala nada! — ele passa a mão no rosto e olha para cima — Eu não consigo entender essa sua revolta! Porra, Amora! Para de ser infantil! Você está quase noiva de Elioth, e em que momento eu reclamei?

— Nenhum... — respondo, sem conseguir encarar seu rosto.

— Sabe por quê? — dá uma risada irônica — Porque eu não tinha direito. E continuo não tendo. E quer saber? Foda-se! Vá atrás desse pela saco. Eu sei que você não o ama, e pior, você sabe disso — dá de ombros —. Continue mentindo para si mesma. Pelo visto, permanecer em um relacionamento fadado ao fracasso é o suficiente para te fazer feliz. Afinal, o importante é não ficar sozinha.

Ele destravou novamente o elevador, e apertou o botão para descer no andar seguinte. Pelo visto, havia desistido de me levar até Elioth. Estava desacreditada pelo que havia acabado de ouvir, mas não tive forças para rebater. Henrique tinha razão, eu só não queria ficar sozinha. Senti meus olhos encherem de lágrimas, mas apenas permiti a descida quando o homem saiu do elevador.

Pedi um táxi pelo aplicativo e, sem pensar duas vezes, fui até a casa de meu quase ex-namorado. Nosso relacionamento estava extremamente abalado, e talvez eu não o amasse mais, mas precisava muito de seu ombro. Sei que estava sendo muito egoísta nessa atitude, mas apenas Elioth seria capaz de me ajudar a levantar desse foço que estava prestes a me enfiar. Sabia que meu último ano ao seu lado não foi sido em vão, tinha sentimentos por ele. Mas... Soava tão errado ficar ao seu lado tendo a presença de Henrique por perto. De qualquer forma, não tinha mais como pensar nisso. Foda-se, não seria idiota de trocar o certo pelo duvidoso.

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