36 - Porra, que inferno de vida

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* Conteúdo sensível

MC Mike estava posicionado ao meu lado, e tudo estava apagado. A ansiedade tomava conta do meu estômago e, assim que as luzes vermelhas começam a piscar e a batida aumentar, preparo minha posição para jogar a bunda em direção ao público.

Eu estava usando um short curto, rasgado na lateral, expondo uma parte da minha calcinha, que era fio dental. Minha blusa era fina, e tapava apenas uma parte de meus seios. Como disse, estava a fim de provocar olhares naquele dia.

Comecei dançar usando como base uma das coreografias de dança da Anitta. O MC começou a cantar, mas as atenções eram dirigidas a mim. A cada descida, eram gritos mais altos. Estava me sentindo uma rainha, e aquilo era bom demais. Quando percebi, até o Mike tinha se desconcentrado um pouco.

A sensação era maravilhosa e, pelo incrível que pareça, aquela aventura tinha me feito esquecer um pouco da merda de situação que estava vivendo.

Assim que saímos do palco, MC Mike me prendeu contra a parede e aproximou seu rosto do meu. Sua respiração era ofegante, e algo em seus olhos negros me assustavam. Nem parecia aquele cara descontraído que havia conversando comigo há pouco. Mas não me importei. Sei que havia criado expectativas sobre minha companhia após o show, mas sem dúvidas ele compreenderia minha escolha. De qualquer forma, ainda estava a fim de me divertir a suas custas.

— Por que você não falou que dançava dessa forma? — sorriu maliciosamente.

— Gosto de surpreender — afirmei, aproximando mais ainda nossos rostos. Sabia que agir daquela forma era errado, mas naquele momento não estava me importando nem um pouco com as consequências de minhas atitudes. Foda-se, eu estava precisando viver. Nada mais estava dando certo ao meu redor, portanto, o que é um peido para quem já está cagado?

Ele aproxima a boca de meu ouvido e cochicha:

— Quer me surpreender um pouco mais?

Encaro sua boca, dou um sorriso e aproximo nossos lábios. Quando estava prestes a beijá-lo, uma crise de consciência me atingiu. Eu estava agindo errado pelos motivos errados. Porra, precisava sair dali o mais rápido possível.

— Eu preciso ir — desvencilho meu corpo do seu e me afasto, o que o deixa muito puto. MC Mike agarra meu braço com força e puxa de volta para onde estava.

— Você acha que é assim? — rosna — Vai me provocar desse jeito e ir embora? Não mesmo.

Ele une nossos lábios com força, o que me deixa com muito medo. Não, eu não estava a fim de virar estatística. Porra, NÃO. Eu tinha que sair dali.

Respiro fundo, tentando manter a calma, enquanto ele forçava cada vez mais a entrada de sua língua em minha boca. Beleza, precisava colocar um fim naquela situação, só não sabia como. O pânico começava a tomar conta de meus movimentos, mas era necessário ignorar e incorporar toda coragem que sabia que existia aqui dentro.

Eis que tenho a brilhante ideia de dar uma joelhada em seu saco, o que funcionou muito bem, pois ele virou para o lado e se ajoelhou no chão, enquanto algumas lágrimas começavam a escorrer em suas bochechas. Bem feito àquele filho da puta. Antes que pudesse me xingar em voz alta ou se levantar para vir atrás de mim, corri o mais rápido possível para saída daquele lugar.

Mandei uma mensagem para o celular de Ava, explicando que estava muito bêbada e precisava voltar à minha casa. Mesmo desnorteada pelo que havia acabado de acontecer, consegui manter a cabeça no lugar e pedir um táxi. Necessitava desabar, mas não antes de estar 100% segura.

Porra, esse mundo é horrível. Já não bastava a merda que minha vida estava, ainda precisava passar por esse tipo de violência? Porra, que troglodita do caralho! O pior é que eu nem sabia o que fazer, porque era minha palavra contra a de um MC famoso. Quem iria acreditar em mim?

Doce como Amora ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora