Capítulo 02: um jogo para dois

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— Claro — ele murmurou, com um sorriso ladino que me fez enrugar a testa. Sua mão ainda estava segurando a minha.

— O quê?

— Seu nome cai bem em você.

Sorri, balançando a cabeça enquanto soltava sua mão e me virava. Comecei a andar e ele me acompanhou.

— Não estou brincando — declarou —, realmente imaginei que se chamasse Rebecca.

— Bem, isso significa que minha mãe fez algo certo.

Peguei meu livro do chão, onde havia deixado-o, e ajeitei meu pote de sorvete surrado novamente na sacola.

Sebastian sorria.

— Só para constar, você não tem cara de Sebastian — retruquei, o que o fez sorrir ainda mais.

Parecendo se divertir, Sebastian enfiou as mãos nos bolsos da jaqueta e me olhou meio de lado, com as sobrancelhas levemente enrugadas.

— Eu tenho cara de quê então?

— Ah, sei lá... George?

— Não mesmo. — Ele deu meio passo para trás, erguendo as sobrancelhas. — Como sabia?

— O quê? — Congelei no lugar, arregalando os olhos.

— Você acertou o meu segundo nome, como soube?

Sebastian disse aquilo com tanta sinceridade que cheguei a acreditar ter acertado sem querer o seu nome, mas seu sorriso idiota surgindo aos poucos logo deixou claro que aquele cara estava brincando comigo.

— Mentira, eu não tenho segundo nome — declarou. — Me chamo apenas Sebastian Heartlock.

— Não mesmo — murmurei, encarando-o com os olhos semicerrados, tentando desvendar a sua brincadeira antes de cair nela. — Heartlock? Sério?

— Algo contra Heartlock, Rebecca Sem Sobrenome? — Ele apertou os lábios, como se me desafiasse a insultá-lo.

— Heartlock não é muito comum.

Ele deu de ombros.

— É do lado da minha avó paterna, uma geração grande de estrangeiros. E não estou mentindo.

— Hum. — Cruzei os braços, indiferente. Ele me olhava demais, isso era inquietante. Geralmente quando você conversa com alguém, essa pessoa observa outros pontos enquanto fala, e gesticula. Sebastian não, ele simplesmente fica parado lá e fala com você olhando nos olhos. É desconcertante. Não conheço ninguém que aja assim.

— Você vai me dizer o seu sobrenome ou quer que eu adivinhe?

O observei me encarar, esperando, e decidi deixar de ser tão amigável com um total estranho. Não sei o que ele tinha que me fazia querer falar, mas era algo perigoso. Eu poderia estar lidando com um maluco e não notaria até ser tarde.

— Você não precisa saber o meu sobrenome.

— Posso adivinhar?

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