09. o destilar de verdades ocultas

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Os joguinhos com Sebastian continuaram por todo o momento em que ficamos ali, até Pat lembrar-nos da comemoração esta noite. Ela iria organizar mais algumas coisas e dizia-se atrasada. Fiquei me perguntando o que poderia comprar para lhe dar de presente.

— Nos vemos à noite! — Moana acenou avidamente, antes que o carro sumisse de vista ao me deixar em casa.

Bárbara ainda não tinha chegado, então passei uma mensagem para Vanessa, perguntando como estavam as coisas. Enquanto esperava, decidi ler alguma coisa, mas não deu certo, algo me deixava ansiosa. Então me dediquei a arrumar meu quarto, espaço por espaço, canto por canto, até estar impecável. Afinal, suja de suor dos cabelos aos pés, Vanessa me respondera com simples palavras: “Está tudo bem.”

Vanessa e eu não éramos "melhores amigas para sempre", nossa relação era tão metódica quanto minha relação com Letícia, mas fiquei na dúvida se ela estava sendo tão fria comigo por vontade própria ou por encorajamento de Bárbara. Seja qual fosse a alternativa correta, respondi com palavras tão simples quanto e deixei o celular de lado para ir tomar banho. Se Bárbara queria espaço, então eu lhe daria espaço.

☆☆☆

Não sabia por que Pat escolhera Caribenho para comemorar seu aniversário, mas não questionei. Ela parecia extremamente animada a cada novo segundo dentro daquele mundo de brinquedos, agitação, correria, sorrisos e risadas. Era uma criança novamente.

Sebastian andava mancando levemente ao meu lado quando deixamos a roda gigante, Moana ainda falava sobre como a cidade era bonita de cima, e Derek arrastava Elisa para mais uma volta. Eram um belo casal, com certeza. Pat apenas sorria, ouvindo, ao nos seguir. Já tínhamos tirado tantas fotos que Pat poderia montar um álbum completo só com elas.

— Vamos na montanha-russa agora! — Disparou ela, saltitando animadamente. Todos concordaram, todos menos eu, e Sebastian. Eu por ter fome e Sebastian por ter de sentar um pouco por causa da panturrilha queimando.

No fim, os outros foram e nós ficamos na praça central do lugar, sentados num banquinho. Comprei alguns pacotes de pipoca antes de me acomodar de verdade. Estava usando jeans e uma bata azul bonitinha, com botas de cano longo escura. Meu cabelo estava preso no alto, livrando minha nuca e aliviando-me do calor da noite e a aglomeração.

— Qual sua comida favorita? — Perguntou Sebastian, observando-me com um sorriso contido enfiar um tanto de pipoca na boca de um jeito que deveria ser julgado como nada feminino.

Sorri um pouquinho, mastigando e mastigando e mastigando. Deveria ter conseguido algo para beber. Sebastian percebeu isso e riu, levantando para ir até uma das barracas de bebidas — mesmo sob meus protestos por causa de seu machucado —, e voltar com uma garrafa de suco e outra d'água.

Agradeci, ainda meio entalada, e abri a garrafa de suco para tomar um golinho.

— Gosto de torrada — respondi assim que pude. Sebastian comia sua pipoca devagar, tranquilamente. — Café é minha bebida favorita, de longe.

Ele apenas sorriu.

— E você? — Perguntei, colocando pipoca na boca, dessa vez sendo mais educada. Heartlock mastigou lentamente antes de falar, pensando.

— Não acho que tenho uma bebida favorita... Gosto de suco, especialmente de laranja, natural. Mas não chega a ser meu favorito. — Ele deu de ombros. — Acho que Abacate é minha fruta favorita. Fora isso, não tem outra coisa comestível que me agrade tanto ao ponto de ser favorita.

— Abacate? — Ele ergueu as sobrancelhas para a careta que eu acabei fazendo sem perceber.

— Algo contra, Landstone? — O desafio estava implícito em casa palavra que ele proferiu.

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