epílogo: feitos da beleza do caos

157 33 88
                                    

James Arthur ressoava pela casa com suavidade, falando sobre amor, enquanto lá fora um temporal servia como contrapeso.

Balançando a cabeça em negação muda, coloquei um moletom canguru sobre a blusa e calcei os chinelos antes de guardar meu laptop e desligar a música.

Sebastian estava na varanda, encostado em uma das pilastras e observando a verdadeira tempestade que nos assolava. Minha maior preocupação nos últimos dias era que isso acontecesse justo hoje.

— Acha que toda essa água vai atrapalhar a inauguração amanhã? — Questionei, apertando os braços cruzados junto ao peito assim que cheguei na varanda. O vento ali estava frio, beslicou meu rosto imediatamente, jogando meus cabelos para todos os lados.

Heartlock parecia zero incomodado com aquilo. Quase me dava raiva vê-lo tão confortável com o verdadeiro fim do mundo.

— Acho que não — disse ele, me acolhendo sob seu braço direito e depositando um beijo leve em meu cabelo. — Apesar de todo o barulho e relâmpagos, não é uma tempestade de raios. A chuva em si está fraca.

Apenas grunhi, enfiei as mãos nos bolsos do moletom e suspirei. Só queria que todo aquele barulho parasse.

— Olhe ali. — Sebastian pediu e precisei olhá-lo para saber sobre o que estava falando. Ele apontou para o céu além da cobertura da varanda. Para o que eu sabia que não passava de uma pintura escura coberta por relâmpagos e trovões.

— Não mesmo — murmurei. Sebastian riu, apertando-me em seu abraço.

— Não vai te machucar. — Sebastian se colocou atrás de mim e tampouco meus ouvidos, abafando quase todo o barulho.

Pressionei os lábios, tentando não seguir o ritmo acelerado de meu coração como mediador. Suspirando, mais por petulância que obediência, olhei para o céu, para além da nossa cobertura e do jardim. E a imagem era indescritível...

Flashes luminosos se espalhavam pelas nuvens como pura energia, iluminando a vastidão sombria como magia, tudo... Eu não tinha palavras para aquilo.

Distante, abafado junto ao barulho dos trovões, pude ouvir Sebastian soltar uma risadinha quando minha boca abriu-se em surpresa e admiração. Nem me importei.

Beleza, era o que aquilo representava, pura e incontável força da natureza. Perfeição.

— Lindo. — Foi tudo o que consegui colocar em palavras. Sebastian beijou meu cabelo ao concordar, passando os braços em torno de meus ombros.

— Você sempre temeu o barulho da tempestade, mas uma vez que isso é abafado, a beleza em todo esse caos pode ser vista — ele disse. Eu suspirei, ainda observando o céu, tentando bloquear os estrondos horrendos.

— Você sempre me faz ver a beleza no caos, Sebastian — entoei, virando-me para olhá-lo. Ele sorriu de lado, meio constrangido. — Obrigada. Por todo o apoio nos últimos anos, e todo o amor e paciência. Você é especial demais para mim.

Sebastian ficou corado, mas não lhe dei tempo para mais constrangimento; me inclinei e o beijei carinhosamente, abraçando-o pelo pescoço.

Com um sorriso, sugeri que voltássemos para dentro, para o conforto de nossos cobertores. Ele não hesitou ao assentir, também sorrindo, e me puxou para entrarmos. Deixando a tempestade ser a única trilha sonora para nosso amor.

Somos Feitos de Estrelas Onde as histórias ganham vida. Descobre agora