14. Perry e o despertar silencioso de uma paixão

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A semana passou de maneira estranha. Bárbara e Thomas viviam se alfinetando, Moana e Pat trocavam palavrões e cochichos constantes sempre que estavam no mesmo ambiente, até mesmo Sebastian parecia um pouco longe demais nos dias que passaram. Pela primeira vez na vida, me senti a pessoa mais estável do "cômodo". A única coisa que corria completamente bem era a preparação da festa de Sebastian. O momento de planejar os detalhes e ademais era o único instante em que todos deixavam suas desavenças de lado para focar em um propósito, talvez por essa razão a festa estivesse dando certo: era o escape de todos.

Bárbara tentava escolher o que dar de presente para Sebastian numa lojinha pequena próximo do centro quando decidi fazer a grande pergunta.

— Como estão as coisas entre você e Thomas?

Ela bufou, observando alguns bibelôs feiosos com olhar cítrico.

— Ele é um pé no saco.

— Não me diga — murmurei, brincando.

— Sério. Não aceita que eu não sou a pessoa para ele. É irritante. — Ela deixou os bibelôs de porcelana e passou para os próximos, de madeira polida. — Já falei com ele que não quero nada e nem vou querer. Mas ele parece falar grego.

— Tom não costuma ser desrespeitoso, talvez você esteja dizendo algo da maneira errada, ou entendendo algo da maneira errada.

Ela apenas pressionou os lábios, escolheu três bibelôs aleatórios de madeira, outros dois de porcelana e comprou uma caixa bonitinha para guardá-los. Após ter aquilo embrulhado, deixamos a loja e Bárbara não abriu mais a boca.

Ao chegarmos em casa, foquei no trabalho por um tempo, sentada na sala com o laptop no colo e meu celular ao lado. Bárbara já tinha adiantado boa parte de tudo para mim, então eu tinha muito pouco para fazer.

Meu celular apitou, era uma mensagem de Sebastian:

“Macarrão instantâneo é insosso.”

Sorri, agarrando o aparelho para responder. Já fazia um bom tempo que ele não me mandava mensagens ou dizia qualquer bobagem aleatória por texto. Só temos nos falado  pessoalmente, e com menos frequência nos últimos dias.

“Fiquei me perguntando quando voltaria ao seu "eu comum".” — Enviei.

Não demorou mais que um minuto para ele responder:

“Meu "eu comum"?”

“Sim. Você tem se mantido distante ultimamente. Sem insultos a nenhum artista famoso ou coisa parecida. Parece até que foi contagiado pelo humor estranho dos outros.”

“Lamento, Landstone. Estou apenas ocupado com a mudança. Essas coisas realmente dão trabalho.”

“O que foi? Sentiu falta de ter seus artistas favoritos insultados por mim?
:-D”

“O que posso dizer... A gente se acostuma. :-)”

“Pobre Shakespeare.”

Eu ri, respondendo: “Pobre Shakespeare.”

☆☆☆

Pat e Moana vieram a minha casa no dia seguinte, para falarmos sobre os últimos preparativos para a festa de Sebastian. Ao que tudo indica, tínhamos tudo sob controle.

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