Capítulo 8

77 13 0
                                    


- Oi, Dona Carmem! - cumprimentei a senhorinha ao chegar na pensão.

- Oi, Cadu! Ah, ainda bem que você chegou, você poderia me ajudar?

- Claro! Como posso lhe ajudar?

- Cadu, tem um rato ali! MATA ELE, MATA ELE, PELO AMOR DE DEUS!! - ela gritava histérica

Foi só então que eu entendi o motivo dela estar com a vassoura nas mãos e apontando para um lugar específico na sala.

- Me empreste sua vassoura - eu disse pegando a vassoura das mãos dela e indo até onde ela apontava que tinha visto o rato.

- MATA ELE, CADU. MATA ELE! AAAAAAAAAH – ela gritou quando o rato saiu correndo e foi só ai que eu pude vê-lo

Fiquei parado um tempinho, morrendo de vontade de rir da dona Carmem, e logo eu vi o rato se movimentando novamente, dei várias vassouradas às cegas na área lateral do sofá e em uma delas eu acertei. Fui até a cozinha, peguei um saco de lixo e voltei até a sala para juntar o rato morto. Era um ratinho minúsculo, não colocaria medo em ninguém. Dona Carmem se sentiu aliviada ao ver o rato sendo ensacado e descartado no lixo.

- Ai, Cadu! Graças a Deus você chega cedo! Esses vizinhos porcos aqui do lado não cuidam da casa deles e quem sofre as consequências somos nós.

Do lado da pensão havia uma casa abandonada e ali o matagal imperava, a consequência do abandono era o aparecimento de ratos e baratas na pensão, Dona Carmem ficava possessa com isso.

Após ter "salvado" dona Carmem, eu subi rindo, pois ela estava com tanta raiva que se tornava cômica. Tomei meu banho e fui descansar um pouco. Como de costume, quando o Edu chegou, ele tomou banho e foi logo para o meu quarto.

- Eu tenho novidades! - eu disse todo empolgado assim que eu o vi entrar no meu quarto

- Opa! E pelo visto elas são ótimas! - Ele trancou a porta e veio até mim, me deu um beijo e se deitou junto à mim - E aí? Quais são essas novidades que te deixaram assim tão feliz? - eu ainda estava me adaptando com as demonstrações de carinho do Edu

- Hoje na hora do almoço eu falei com minha tia. Ela ficou procurando na internet se aqui tinha um tipo de prova que me garante o diploma de ensino médio. E tem!!!

- Que maneiro!!! E como é essa prova?

- Eu não sei! Ela me passou um endereço para eu ir lá me informar. Minha tia me disse que caso eu passe, eu não precisaria fazer o segundo e o terceiro ano do ensino médio, bastaria só passar na prova. Eu poderia ir para a faculdade mais cedo - eu estava radiante

- Cara, isso é muito bom! Cadê o endereço que ela te deu?

Eu me levantei e fui pegar meu celular que estava carregando.

- Aqui! - eu disse virando a tela do celular para ele

- Huuum... Acho que sei onde fica isso. Quando você vai lá?

- Amanhã mesmo, assim que eu sair do supermercado eu vou lá.

- Ah, droga! Amanhã eu tenho aula a tarde, eu queria ir lá com você.

- Ah, não se preocupe, não. Eu consigo chegar lá.

- Mas eu queria ir com você... – ele fez uma pausa e retornou a falar suspirando - Sabe o que eu quero hoje? - ele disse me abraçando e esquecendo o que estávamos conversando

- O quê?

- Só ficar assim! Hoje eu estou morto!

Para dois meninos de 18 e de 19 anos, ter uma rotina tão cansativa não era muito fácil. Meninos da nossa idade geralmente ainda estão curtindo a vida e não possuem tantas responsabilidades nas costas. Mas nem eu e nem o Edu poderíamos nos dar o luxo de curtir a vida, nós tínhamos que trabalhar e estudar muito para conseguir mudar a nossa realidade.

Amor que nunca acabará - PARTE 1Where stories live. Discover now