Capítulo 46

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- Ele lhe contou sobre os amigos?

- Não, o que houve?

- Ah, então, deixe que mais tarde ele conta.

- É coisa ruim?

- Não, é exatamente o contrário disso.

- Glória a Deus!

Rui saiu do banheiro e aí a gente sentou para jantar. A comida da tia Ruth era uma delícia e eu sempre comia muito.

- Mãe, a gente pode conversar um pouquinho? - ele perguntou quando terminamos de jantar

- Claro, meu filho.

Eu fiquei quietinho, eu estava ali só mesmo para dar apoio ao meu amigo.

- Eu queria falar com a senhora sobre algumas coisas.

- Eu estou aqui. - ela estava olhando para ele

- O Cadu conversou muito comigo e ele me fez ver algumas coisas que eu não estava vendo ou não estava querendo ver. - tia Ruth olhou para mim e sorriu - Eu estava tentando ser quem eu não sou. - ele falava de cabeça baixa, sem olhar para a mãe - Eu tentava fazer coisas só para parecer legal para pessoas que nem meus amigos de verdade são, porque nunca chamaram minha atenção com carinho como o Cadu fez. Esse cara - ele olhou para mim - é meu irmão. Meu irmão para a vida toda! - eu tive vontade de chorar nessa hora - Ele me fez ver que eu estava machucando pessoas sem nem perceber e sem entender o porquê, na verdade, eu queria me machucar. E eu lhe peço desculpa pelas grosserias.

- Oh, meu filho, não precisa pedir desculpas. - Tia Ruth já estava emocionada só com essa o introdução

- Mas eu peço mesmo assim. A senhora sempre me dizia que não conseguia entender quando eu trazia meninas e depois meninos aqui. E nem eu conseguia me entender. Mas esse cara - ele olhou para mim e sorriu de novo - me fez ver como é bom amar alguém de verdade. Eu queria lhe falar, que a senhora não vai mais ver meninas saindo daqui. Eu sou gay, mãe - só então ele olhou para a mãe - Eu gosto de meninos e só de meninos. Eu sei que é meio confuso para a senhora, mas é isso. Estava meio confuso para mim também.

- Eu acho que eu sempre soube, meu filho - ela chorava e sorria

- Acho que só faltava eu saber, né? Eu queria lhe dizer também que eu não estou mais andando com aquelas pessoas que vinham aqui, eu percebi que eles só me faziam mal, mesmo que inconscientemente. Eu também estou estudando com o Cadu e a gente vai passar no vestibular. - ele sorriu para mim

- Eu sempre quis que você fizesse faculdade.

- Eu sei e eu vou lhe dar esse orgulho. Eu estou querendo mudar, não quero mais machucar ninguém e nem a mim mesmo. Alguém me ensinou que eu tenho que ser gentil comigo mesmo - e as lágrimas caíram quando eu vi meu amigo feliz e emocionado

Ele se levantou e foi abraçar a mãe que estava chorando bastante, ela ficou realmente muito emocionada.

- Eu lhe amo, não esqueça disso.

- Oh, meu filho, eu também te amo. Você é minha vida. E eu faço qualquer coisa para te ver feliz porque se você está feliz, eu estou feliz - eles ficaram abraçados por um tempo, estavam bem emocionados. - E você - ela veio até mim - não sei nem como te agradecer por colocar juízo na cabeça desse menino - ela me abraçou - muito obrigada, Cadu. Muito obrigada mesmo!

- Não precisa me agradecer, tia. Eu amo esse cabeçudo, ele é o irmão que eu não tive.

- Ah, então, eu posso me considerar mãe também. - ela disse secando as lágrimas e rindo

Amor que nunca acabará - PARTE 1Where stories live. Discover now