Capítulo 113

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- Se fosse eu, você ajudaria?

- Que pergunta, Caio?! É óbvio que eu ajudaria sem sequer pensar.

- Então, o problema são eles...

- Claro! Quem fez atrocidades comigo a minha vida inteira foram eles.

- Você não acha que tá deixando essa raiva, essa mágoa, essa dor atrapalhar o que você tem de mais bonito em você que é a sua vontade incontrolável de ajudar os outros?

Eu fiquei em silêncio porque eu sabia que ele tinha razão. Se fosse qualquer outra pessoa eu não mediria esforços para ajudar. Mas algo dentro de mim me impedia de ajudar e ele tinha dado nomes a esse algo: raiva, mágoa, dor...

- Eu vou com você!

- Eu não vou, Caio.

- Nós dois sabemos que você vai. Que nós vamos!

- Tem a universidade, eu poderia até tentar ajudar, mas eu não irei prejudicar minha vida por causa deles. Eles já me destruíram o suficiente durante toda minha infância e adolescência.

- A gente só vai lá fazer o teste, não perdemos aula.

- Não sei, amor...

- Eu sei que se você não for, lá na frente você vai se arrepender.

- Eu pensei que nunca mais iria ver aqueles monstros.

- Quem sabe você não se surpreende.

- Com aquelas pessoas? - eu ri com deboche - não, não adianta esperar coisas boas dali.

- Você vai?

- Se você for comigo... - no meu coração, eu realmente não queria ir, mas no fundo eu sabia que eu não conseguiria deixar alguém morrer, eu não conseguiria carregar essa culpa nas minhas costas. Eles eram horríveis, eu sentia que seria horrível minha estadia naquela cidade pelo simples fato dela me fazer lembrar de todos os piores anos da minha vida. Mas eu tinha um namorado lindo e ele com jeitinho me convenceu a ir.

- Eu vou e não vou te deixar um segundo sozinho.

- Que merda! Que merda ter que voltar àquela cidade.

- Sabe a melhor parte de você voltar?

- Não existe nada de bom em voltar e ver aquelas pessoas.

- Você está ainda mais lindo, casado, na universidade, tem uma família incrível, tem casa, carro... Você vai mostrar para eles que mesmo com todas aquelas atrocidades, você superou todas as dificuldades - ele me deu um beijinho no rosto. - Eu estarei com você, você não está mais sozinho, Cadu. Eles tentaram fazer a gente se separar, mas nós estamos juntos e eles vão engolir isso a seco.

- Obrigado, amor!

- Vou lá com a mamãe, ela está preocupada.

- Eu vou com você!

- Você está bem mesmo? - ele me apertou

- Estou sim. Esses monstros perderam faz tempo o poder de despertar qualquer coisa em mim além de raiva.

Ele me beijou e nós saímos do quarto.

- Como você está, meu filho? Eu acho que despejei a história toda em você...

- Tudo bem, tia.

- Desculpa, meu amor. - ela me abraçou - eu sei como essa história mexe com você.

- Tudo bem...

- A gente vai, mãe.

- Mas se for para você ficar mal, eu não quero que você vá. É claro que é importante salvar a vida do seu Raimundo, mas eles já fizeram muita coisa ruim para você. Então, se for para você ficar mal, eu prefiro que você fique e a gente estuda outra maneira de ajudar.

Amor que nunca acabará - PARTE 1Where stories live. Discover now