I - Lívia

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Desço do avião respirando o ar quente do Rio de Janeiro eu tava com tanta saudade desse lugar.

Tiro o celular o do bolso é a primeira coisa que eu faço e ligar pra minha mãe, ela ficou doidinha quando eu disse que tava voltando.

Falou que ia fazer um churrascão e tudo mais, e como ninguém contraria a dona Vivian, só deixei ela levar o barco.

No segundo toque ela atende, mania desse povo de não atender na primeira vez, foi em chamada de vídeo e eu pude ver ela com o cabelo amarrado em rabo de cavalo.

Um milagre porque ela quase nunca arruma o cabelo, ou é em coque bagunçado ou deixa ele solto mesmo.

Vivian: E ai minha vida, chegou? — Faço uma careta.

Mãe, eu não tenho mais treze anos.

Vivian: Foda-se você viu eu perguntando alguma coisa? — Reviro os olhos — Revira essa merda de novo Lívia tu se eu não atravesso a porra desse celular e ranco ele, achando o que? Esse tempo que tu passou com a Evilyn não te fez bem não, vou ligar pra ela agora,espera .

Rd: Ela chegou? — Meu pai aparece na linha — Oi meu amor, tamo te esperando pra jogar aquela pelada, vai demorar ? Pedi pro GM te buscar, lembra dele?

Claro que eu lembro pai, você vivia botando medo nesse garoto — Ele ri — Vou desligar agora tenho que ir, até daqui a pouco.

Rd: Beijo e vem com DeusDou uma risada.

Acalme minha mãe que ela furiosa comigo e eu nem fiz nada.

Rd: Pode deixar isso é comigo mermo — Dou uma risada e desligo o telefone.

Quardo na bolsa e começo a caminhar até a área do desembarque de malas.

Morei com a Tia Evilyn em São Paulo desde os meus dezoito anos, passei no Enem e consegui uma vaga na UFESP de lá.

E como a tia Evilyn já trabalhava lá só me ajudou, foi difícil demais para minha coroa me deixar ir, e me doeu ver que ela ficou triste, parecia que tava tirando um pedaço dela.

Mais eu entendo, ela é minha mãezinha nenhuma mãe gosta de ver o filho partindo.

Já meu pai ram aquele ali se fez de Durão, mais tava na cara que tava segurando o choro,foi até engraçado.

Faz tanto tempo que eu não vejo eles que eu tô até nervosa, a verdade e que eu nunca consegui vir aqui, tem nove anos que eu não piso no Rio de Janeiro.

Mais graças a Deus consegui me formar arrumei um emprego aqui e tô vindo pra ficar, ninguém mais me tira do meu estado po.

Pego a minha mala e começo a sair do aeroporto, assim que piso pelo lado de fora o ar quente me toma mais uma vez, esquece o que eu disse não tava com saudade desse calor não.

Gui: E ai Jogadora po — Me viro vendo ele vindo na minha direção, solto a mala dando um abraço nele — Meu Deus mandada tu cresceu pra caralho po.

— A não, ainda tô igual tenho dezoito po — Ele ri pegando minha mala.

Gui: Em cada perna só se for — Reviro os olhos e abro o porta malas do carro pra ele colocar a mala, depois que ele coloca eu fecho o mesmo e entro no banco do carona.

— E ai quais são as novidades em? O que aconteceu de bom depois que eu saí?

Gm: Po nada de bom, aquele morro anda mais parado que carro sem pneu — Balanço a cabeça em negação.

— E a Loirão em? — Ele respira fundo.

A Isadora é uma garota encantadora, foi a única que andou comigo no morro, ela chegou lá quando eu estava fazendo dezesseis anos.

O pai dela estava vindo do morro da Nova Holanda, infelizmente ela perdeu a mãe e o avô, que era bem respeitado no comando, depois disso, e ela pelo pai e o pai dela por ela, e muito linda a relação dos dois.

Gm: Po fiz merda e o Crika me botou pra correr, falou um monte e já mandou o papo que não me quer perto da filha dele.

— E tu vai obedecer? — Ele da uma risada nasal.

Gm: Eu tenho cara de quem consegue ficar longe da Isadora po? Minha loirão abandono nada — Ele bate os dedos no volante, e eu faço uma careta, ele tá nervoso.

— Fala logo o que tu tem pra falar — Ele respira fundo.

Gm: Crika se casou novamente po — Me viro de uma vez encarando ele, nunca achei que isso fosse acontecer, o pai da Isa falava da mãe dela tão bem, era tão lindo ele contando sobre a mulher.

— E como a Isa reagiu a isso? — Ele respira fundo mais uma vez.

Gm: Nada bem, mais ela não pode falar nada porque a mulher é gente boa pá caralho tá ligado — Assinto respirando fundo — Po lembrei de quando a gente saia pra jogar bola escondido dos nossos pais...

— Que depois do jogo a gente corria pra pensão da Vó e ela enchia a gente de coxinha.

Gm: Tia Ju era demais po,depois teu pai aparecia boladão lá procurando a gente — Dou uma risada — Enfiava a gente detro do carro com o Silas, e deixava cada um na frente de casa.

— A gente ia levando esporro da pensão até em casa — Ele cai na gargalhada é me encara rapidamente desviando o olhar para a estrada.

Gm: A gente amava fazer isso cara, mesmo sabendo que a gente ia ficar de castigo depois.

— Que saudades daquela época — Digo ainda rindo tentando me acalmar, mais minha mente viaja longe, era nos quatro contra o mundo — Gui?

Gm: Oi?

— E o Cadu? Ele tá bem? — Ele fecha a cara na hora, e respira fundo olhando para os lados, o que me faz ter um pouco de medo o que será que rolou?

Antes de eu ir embora discutir com o Cadu, porque ele queria entrar pro crime, foi uma briga feia na época.

Gm: Chegamos po — Ele diz parando em frente a casa da minha mãe, mais eu ainda vou voltar nesse assunto.

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